Visualizações do blog

quarta-feira, 24 de março de 2010

Como subestimar um livro

Não sou crítica. Tá, não sou 'crítica' (entendam as apas como quiser). Mas me sinto na obrigação de vir aqui compartilhar a minha última experiência de leitura com vocês.

Estava eu em casa, sem muito o que fazer quando decidi começar a ler um livro. Mas queria algo leve, uma leitura rápida... nada que exigisse muito de mim. Fui na estante de livros da minha casa que divido com a minha irmã, tateei uns e... lá estava ele, de capa azul com um desenhozinho meio de criança na frente. Algo infantil demais, beirando o idiota: Minha mãe tatuada, o nome do livro. Achei graça.
Peguei e li, sem pretensão nenhuma. Como é um livro fino, sabia que ele serviria para distrair minha atenção e que talvez - com muita sorte - seria um bom negócio lê-lo.
Li o primeiro, segundo, quinto capítulo.
Continuei lendo e...
O negócio é o seguinte: O livro conta o quotidiano da vida de Marigold, Star e Dolphin. Marigold é a mãe de Star e Dolphin. É realmente um livro infanto-juvenil, narrado pela personagem da Dolphin, a irmã mais nova de apenas dez anos. Por isso o livro toma um caráter de inocência, sutil... o que acaba arruinando o aspecto das questões que o livro trata, a maior delas: o alcoolismo da mãe.
É uma narrativa clara, sem nhenhenhen. Absurdamente inteligente o que essa autora fez. Não acho nem um pouco que se trata de um livro apenas para crianças, e sim de um livro sobre uma criança. Ela só resedenhou a história real de milhares de meninos e meninas que vivem na situação de Star e Dolphin.
Enquanto eu lia, cheguei a chorar em certos momentos. Logo de cara odiei a personagem de Marigold, odeiei também a Dolphin. Star parecia ser a única sensata. Mas ao longo da trama é impossível você tratá-los apenas como personagens caricatos. Eles são humanos demais, verdadeiros demais. Você não somente odeia. Você sente pena, sente compaixão, sente inveja, sente desprezo, sente... vontade de bater!
E o final, bem, o final é um daqueles que eu particularmente gosto muito...
Não é o final perfeito. Aliás, se justamente este livro terminasse da forma que muitas pessoas gostariam que ele terminasse, sei lá... seria o estrago de tudo. A perfeição seria tanta que mataria a literatura. E esse livro consegue ser tão literato quando literal.
Por isso que eu amei.

"Eu ri do título do livro, ri da capa do livro, também ri da contra-capa deste livro. Mas não ri enquanto lia este livro."

Priscilla Acioly