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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Drama Masculino - Parte 2

Aqui vai a continuação das trapalhadas de Diego. Aconselho a você que não leu a Parte 1 a voltar ao post anterior e dar uma olhada, para acompanhar melhor a história de Diego.
Bem, divirta-se.



10 anos de idade: eles adoram inventar histórias ruins

Existe algo que toda garota de 10 anos de idade precisa saber: garotos não gostam de garotas quando estão na quarta série. Secretamente eles podem até gostar, mas nunca publicarão isso.
Diego não sabia por que Ritinha fazia questão de sentar-se logo atrás de sua carteira, mas não se sentia incomodado com isso. Ao que parece, com Marcelinho era o contrário.
Era a aula toda Ritinha de risinhos para tudo o que Diego falava, Marcelinho, por sua vez, a repreendia e a enxotava da conversa.
- Consertei meu Autorama ontem, bora lá em casa amanhã pra você dar uma olhada, cara!
- Por mim tudo bem, o chato vai ser ter que convencer a minha mãe... - Diego dizia, realmente interessado em arquitetar todo um plano maligno de convencimento a ir-curtir-na-casa-de-um-amigo-mesmo-estando-com-nota-baixa.
- Mas por quê? Ela ainda tá brava porque você tirou nota baixa em geografia?
- Eaxatamente. E eu já expliquei a ela que a culpa não é minha se o nosso professor faz questão que saibamos onde fica Budapeste! Odeio mapas... sinceramente.
- É por isso que nunca ganha no war. - observa Marcelinho, com um sorriso de satisfação.
- Claro que não, meus objetivos sempre são muito mais difíceis do que os... - pausa - olha, não vamos discutir sobre isso. Temos um plano para bolar, esqueceu?
- Tem razão. Temos de bolar um plano infalível... algo que pareça real e - foi cortado.
- Ei, ei. Pode ir parando. Porque quando você começa falando assim que nem o Cebolinha cheio de planos infalíveis, coisa boa não é.
- Só estou tentando ajudar! - respondeu ressentido.
Diego conhecia o amigo, sabia que não era lá tão certo das idéias. Mas...
- Certo. O que tem em mente?
- Muito simples. O negócio é o seguinte: amanhã de manhã cedo quando você acordar leve um café-da-manhã na cama de sua mãe. É sempre bom começar um dia fazendo um agrado.
- Certo.
- Depois disso, diga a ela que você precisa vir na minha casa. Ela vai perguntar o porquê e é exatamente nesse momento em que entra todo o nosso bem arquitedado plano em ação.
Diego olhava - já um pouco apavorado - a expressão ambiciosa de Marcelinho, o qual sem dúvidas, já vislumbrava uma missão com sucesso.
"Primeiro você vai dizer a ela que eu e minha família estamos nos mudando para Rondônia.
- Rondônia?! Você tá maluco?
- Calma, cara. Deixa eu explicar, ok?
"Meu pai está com uma doença do fígado muito rara e aqui no Rio não há tratamento possível. Minha mãe está inconsolável porque já tentou contactar os melhores médicos do Rio e de São Paulo. Mas nenhum deles conseguiu dar o diagnóstico da doença. Daí então...
- Mas como assim eu vou dizer que seu pai está...
- Relaxa, cara. Escuta, o plano é perfeito!
"Minha avó teve quase um enfarte por conta do desespero dos meu pais...
- Mas você não tem vó.
- Melhor ainda! Eu posso dizer que ela morreu por conta do enfarte, dá mais drama à história toda - olhar sonhador.
- Marcelinho, você sabe que precisa buscar tratamento, certo?
Sem dar ouvidos ao conselho do amigo, Marcelinho continua.
"O enterro da minha foi (...)
"(...) e é aí que você pára, fita sua mãe nos olhos e diz: Mãe, preciso ir ver meu amigo. Você não vai permitir que eu deixe meu amigo inconsolável numa hora dessas, não é?
Marcelinho parou de falar, simplesmente porque para ele tudo fazia muito sentido e se auto explicava.
- Vejo várias brechas nesse seu planozinho, Marcelo.
- Ah, não Rita, não se intrometa. Você já é uma chata, porque não tenta cuidar da própria vida? Aposto que não teria um plano melhor que esse.
- Qual é, Marcelinho... também não precisa ser grosso com a Ritinha. Diga, Ritinha... tem um plano melhor?
- Bem, o Marcelinho, por algum milagre da natureza, é bom aluno em geografia. Você poderia dizer que ia pra casa dele amanhã estudar, não?
A menina encarou os dois. Diego permaceneu quieto, embasbacado... talvez, sentindo-se humilhado com a objetividade e genialidade da menina. Marcelinho - por alguma razão desconhecida - caiu na gargalhada e cutucou o amigo com o cotovelo.
- Idéia mais idiota que essa não pode existir, não é mesmo?
- Não mesmo. Só a sua - respondeu o amigo sem pensar, num ato de estupidez.
- O que você disse?! - Marcelinho e Ritinha ficaram vermelhos, muito embora fosse por motivos diferentes.
Marcelinho cortou relações com Diego para sempre - nesse caso, o para sempre durou até a hora do recreio no dia seguinte, quando Diego já estava farto de tentar explicar para Ritinha que não estavam namorando só pelo fato de estarem andando juntos. A verdade é que Diego não gostava de Ritinha e sentia falta do ex melhor amigo, por isso foi se desculpar. Os dois amigos se entenderam e voltaram a bolar planos infalíveis (dessa vez, sem a ajuda de Ana Rita).
Acontece que Ritinha ainda gostava de Diego que era melhor amigo de Marcelinho que, por sua vez, odiava Ritinha só porque ela gostava de seu melhor amigo e - no fundo, no fundo - gostaria que Ritinha gostasse dele.
Como eu disse, meninos de quarta série não costumam gostar de garotas.

Mas Marcelinho gostava da menina que odiava.

CONTINUA...