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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Bigode




Olá pessoal.
Bom, como esse blog acabou adquirindo aspectos biográficos eu vou dividir com vocês algo interessante que aconteceu recentemente.

Pra quem não sabe eu tenho um avô que é figuraça. Nelson, seu nome. Ele é uma daquelas pessoas que parecem que não existem simplesmente por, muitas vezes, não apresentarem comportamentos que seres humanos apresentariam. Meu avô é um cara do bem, mais do que honesto e, acima de tudo, calado. Calado não... observador.

Uma das coisas que eu sempre achei legal é que ele é metódico e sempre cumpre seus próprios 'rituais' pré-definidos por ele mesmo. Como por exemplo, sempre andar dentro de casa com uma toalhinha de pano branca por cima de um dos ombros, viver criando projetos matemáticos lá embaixo em sua garagem escura, comer as refeições por etapa separando o Feijão e a farinha da salada e, por conseguinte, da carne. Dormir ouvindo o seu radinho de pilha... enfim, eu poderia citar aqui inúmeros exemplos.

Pois é, meu avô é o tipo de pessoa firme que parece que nunca muda - mas incrivelmente eu afirmo isso num bom sentido! Ele está sempre perto, ainda que pareça longe. Sempre ensinando algo muito sábio, mesmo que muitas vezes não esteja falando. Ele é a personificação da paciência. E se você der algo nas mãos dele pra fazer, ele vai observar, estudar dias a fio a tarefa, verificar as possibilidades, tirar a raíz quadrada e então só depois de muito preparo e meditação a tarefa estará pronta! (Foi isso o que aconteceu quando eu pedi que ele colasse a minha foto na minha carteirinha universitária. Pra vocês terem uma noção, não satisfeito em usar uma régua ele também usou um TRANSFERIDOR para colar a foto!)

Mas o ponto principal a que quero chegar é: Meu avô sempre teve bigode. Desde que me entendo por gente, Nelson Barbosa de Lima nunca abriu mão de seu bigode - e, acho que é importante destacar que era muitas vezes sem barba, só o bigode mesmo! Eu não vou dizer que sou fã dos bigodes... bigode é coisa do século retrasado. Fora de moda. Pra falar a verdade, eu nem acho que seja algo que favoreça a ala masculina. A não ser é claro algumas exceções como Brad Pitt, mas ele não conta.

O fato é que meu avô sempre usou bigodes e eu sempre gostei! Eu não sei... dava uma impressão de sabedoria, de autoridade. Eu gostava de seus bigodes, porque tudo estava no seu devido lugar: eu era a neta, ele era o avô até que...
*chega minha avó tagarelando como sempre acompanhada do (quem é aquela pessoa ao lado dela? Peraí será que...) meu avô sem bigodes!!!

Sim. Ele rapou o bigode. Vocês não sabem como foi a sensação do choque. Até agora eu não digeri essa estória. Ele diz que "já era hora de mudar" mas NÃO. Não pode... quando eu olho para o meu avô sem bigodes eu lembro daquele verso "avião sem asa, fogueira sem b...". Que tristeza. Meu avô agora deu pra querer mudar o look. O que ele não sabe é que talvez seu bigode representasse algo maior. Sei lá... talvez fosse que nem as sete tranças de Sansão, que lhe davam a força. E se ao rapar seus bigodes, foi rapada também... a sua sabedoria?


rs, um último adeus:

7 comentários:

  1. Que decepção... nem sei se vou a igreja nesse domingo...

    Sério, to imaginando seu avô andando com uma toalinha no ombro e ouvindo radinho antes de dormir!rs Genial!
    Um autêntico personagem da vida real.

    Sabia que eu tenho aqui em casa um caderninho que ele me deu?Foi um dos gestos mais fofos que já vi. Ele xerocou um livrinho inteiro sobre a doutrina cristã/presbiteriana, recortou cada página e colou num caderninho e me deu de presente. Tem dedicatória e td!rs
    O mais legal é a capa do caderninho... É um urso (estilo "ursinhos carinhosos") descendo de paraquedas com estrelinhas sorridentes escrito "parachutist". Todo "menininha"!rs

    Ai ai...
    Grande post, Pri!
    Aliás, grande blog!
    Bjao!

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  2. Que fofo, Camila! Posso te garantir que a melhor parte dos presentes dele, pra mim, sempre foram as dedicatórias. Ele sempre escreve algo bonito e algum versículo e aí rubrica. Aposto que tb fez isso no seu, olha lá pra ver se vc não encontra a rubrica dele... que é só um N meio tortinho e classudo. HAHAHAHA Brigada, bjs.

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  3. Sensacional! É uma informação de utilidade pública, assim ninguém vai passar pelo Presbítero e perguntar: "o senhor é novo na igreja?" haha. Sobre os bigodes, eu discordo. Acho que bigodes são sinônimo de imponência. Eu já disse pra Emanoelle que quando ficar mais velho, passarei de cavanhaque ao bigode, pois o Bigode demonstrará toda a energia que não terei mais. Sem falar que, os narigudos, todos deveriam ter bigodes, pois possuem narizes que são tão magnânimos que merecem ser sublinhados. Parabéns pelo texto, é sempre um prazer lê-la e lê-los.

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  4. "Desde que me entendo por gente, Nelson Barbosa de Lima nunca abriu mão de seu bigode"
    Pra ser mais exato, ele usava bigode há uns 40 anos, começou um pouquinho antes do Alexandre (seu primeiro filho, caro leitor) nascer. Então Pri, você não estava sozinha no time dos que nunca o viram sem bigode. Confesso que esse fato foi profundamente marcante para mim também. Acho até que eu poderia ter escrito este post. O que me intriga é que ele sempre manteve um ar de mistério em relação ao bigode, sempre teve uma aura de intocável. É bem verdade que ele já foi cheio como uma andorinha, ralinho, preto, foi ficando grisalho, depois mais branco do que preto, mas sempre esteve lá!

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  5. Natia aqui : Estou impactada até agora. Este homem de meia-idade sem bigodes parece até que está nu. Por pura maldade hoje dia 26/01 cortei meu cabelo. Ele me pediu tanto pra deixar meu cabelo crescer.. mas como ele disse que nao vai deixar o bigode crescer, tambem nao vou deixar meu cabelo crescer.
    Agora diogo : Menos, muito menos, quase nada. pq Priscilla só existe uma :)

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  6. OII!Pri, acho que já te disse isso uma vez. Pra mim perfume, bigode e algumas outras coisas, depois de uns anos em uso viram uma espécie de marca registrada da pessoa. Se ela para de usar, não é só ela que sente falta...os demais também.
    Com certeza sentiremos falta do bigode do seu avô. RSRSRS
    Bjos

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