Visualizações do blog

sábado, 31 de agosto de 2013

Quando

só não chegue na hora marcada
só não traga flores
só não diga ''te amo''

só me surpreenda

- Priscilla Acioly, 31/08/2013

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

-

Em algum lugar que eu não estou vendo, as coisas já estão dando certo. De alguma maneira, Deus já fez... Ele só decidiu não me mostrar ainda.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Acontece aqui em casa - cap 1


Minha mãe e meu pai na sala trocando farpas por causa dos seus times. 

Ela, flamenguista. Ele, botafoguense.

Mãe: Esse teu time aí sem graça, ridículo... só tem velho.
Pai: Você nem é flamenguista de verdade, é uma alienada. Nem gosta de futebol.
Mãe: Num gosto mesmo, e daí? Mas sou flamengo, ué. É o mais animado... e esse teu time aí de boiola? Todo botafoguense é viado...
Eu: Não, mãe! São os tricolores... tu nem conhece os estereótipos, pô.


terça-feira, 20 de agosto de 2013

O cara que dormia no ônibus


Eu tenho dezenas de crônicas de ônibus inimagináveis para contar. Mas hoje (aliás, acaba de acontecer) ocorreu, de fato, algo surreal. 

Ônibus: 353. 
Por volta das 21:30 o ônibus está passando por Quintino quando o motorista dá uma parada brusca. Fico até preocupada, mas então vejo que o motorista está esperando acontecer alguma coisa até que, quando se dá conta de que a tal coisa não acontece, levanta e dá a ordem: senhora, chama o cara aí do meio. 
Eu e mais todo o ônibus viramos a cabeça pra olhar o cidadão que estava dormindo nos bancos. A moça o chama, ele não acorda. O motorista chama ele quase aos berros "Anda, cidadão! Levanta!" e ele nada, apenas solta uns resmungos. Eu não estava entendendo direito o que estava acontecendo. Até cheguei a pensar que o homem estava chapado.
O motorista irritado pula a roleta (essa parte foi sensacional, ele realmente pulou a roleta com fúria), vai até o homem e o cutuca "você tem que descer, já estamos na FAETEC" ao que o sujeito responde ainda dormindo "não é esse ponto, não". O motorista se indigna, faz ele acordar na marra. Este se levanta ainda um pouco desnorteado mas, enfim, reconhece seu bairro e desce do ônibus com duas enormes sacolas de não-sei-o-quê (seu aparato de trabalhador e, se não for, eu, como escritora, digo que é). No que ele descia, o motorista praguejava "Dormindo assim não dá, todo dia a mesma coisa ter que ficar te acordando! Agora se eu te ver no ponto num vô mais pegar".
E eu aqui, no primeiro banco do ônibus, embasbacada com a cena. Um motorista que sabe onde o passageiro tem que descer... parece mentira. Inclusive, isso tinha que ser mentira. Se algum de vocês me contasse essa cena eu não acreditaria. O problema é que não é ficção... Ah, não é...
É o Rio de Janeiro e seus personagens caricatamente reais da Zona Norte.

Crônica de Pai


Pai e filha conversando dentro do carro.

Por meu pai ter nascido numa família muito humilde, nunca havia me ocorrido como ele conseguira chegar a ser gerente do, então na época, Unibanco. 
– Pai, quem te colocou pra trabalhar no Unibanco? Você fez prova pra entrar lá?
– Entrei lá como office boy, vi que tinha uma vaga e me candidatei.
Incrível, mais de 20 anos e eu nunca soube como meu pai tinha começado a história dele, pensei.
– Aí eu fazia de tudo lá dentro, e um dos gerentes chegou pra mim e disse "Aqui dentro office boy só fica 6 meses. Se nesse tempo você não aprender a fazer tudo que os outros fazem aqui, vai ser mandado embora. Tem que crescer."
– Mas e aí, pai?
– E aí que eu não sou trouxa. Quando me perguntavam se eu sabia fazer alguma coisa eu nem hesitava, dizia que sim mesmo que nem tivesse ideia de como fazer. Um dia meu chefe perguntou se eu fazia usar a máquina de escrever. Levei uns documentos pra casa, passei a noite toda para fazer aqueles relatórios, nunca havia mexido em uma.
Eu ri. Adoro isso no meu pai, pra ele não existe "não sei", existe "me dá que eu faço" (não é à toa que minha mãe e minha vó o apelidaram de MacGyve).
E aí vocês já podem imaginar, de office boy ele virou auxiliar administrativo, depois outro cargo um pouco superior até que, enfim, gerente. E ficou lá por 22 anos, agora trabalha como taxista no aeroporto.
O que mais me orgulha nele é sua inteligência prática, o jeito sagaz. É rápido de raciocínio. 

Essa conversa com ele no carro me ensina muita coisa e me inspira na minha própria caminhada. Vale mais do que uma troca de "te amo".
E nós temos sorte de tê-lo aqui em casa.

por Priscilla Acioly, 11/08/2013 
(homenagem do Dia dos Pais)