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terça-feira, 20 de agosto de 2013

Crônica de Pai


Pai e filha conversando dentro do carro.

Por meu pai ter nascido numa família muito humilde, nunca havia me ocorrido como ele conseguira chegar a ser gerente do, então na época, Unibanco. 
– Pai, quem te colocou pra trabalhar no Unibanco? Você fez prova pra entrar lá?
– Entrei lá como office boy, vi que tinha uma vaga e me candidatei.
Incrível, mais de 20 anos e eu nunca soube como meu pai tinha começado a história dele, pensei.
– Aí eu fazia de tudo lá dentro, e um dos gerentes chegou pra mim e disse "Aqui dentro office boy só fica 6 meses. Se nesse tempo você não aprender a fazer tudo que os outros fazem aqui, vai ser mandado embora. Tem que crescer."
– Mas e aí, pai?
– E aí que eu não sou trouxa. Quando me perguntavam se eu sabia fazer alguma coisa eu nem hesitava, dizia que sim mesmo que nem tivesse ideia de como fazer. Um dia meu chefe perguntou se eu fazia usar a máquina de escrever. Levei uns documentos pra casa, passei a noite toda para fazer aqueles relatórios, nunca havia mexido em uma.
Eu ri. Adoro isso no meu pai, pra ele não existe "não sei", existe "me dá que eu faço" (não é à toa que minha mãe e minha vó o apelidaram de MacGyve).
E aí vocês já podem imaginar, de office boy ele virou auxiliar administrativo, depois outro cargo um pouco superior até que, enfim, gerente. E ficou lá por 22 anos, agora trabalha como taxista no aeroporto.
O que mais me orgulha nele é sua inteligência prática, o jeito sagaz. É rápido de raciocínio. 

Essa conversa com ele no carro me ensina muita coisa e me inspira na minha própria caminhada. Vale mais do que uma troca de "te amo".
E nós temos sorte de tê-lo aqui em casa.

por Priscilla Acioly, 11/08/2013 
(homenagem do Dia dos Pais)

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