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sábado, 31 de maio de 2014

Leitora à janela


A moça lê e se afoga
Ali, eternizada no quadro
lendo todos os dias
a mesma lamúria, a mesma agonia
Seu semblante deixa escapar
que não há paz, seja em que linha for

Não há sossego na moça,
a despeito de sua posição ereta
Ela passa uma vida lendo a tragédia
Porque é isso que vocês pintores fazem
Condicionam à uma vida de looping suas criaturas
incrustadas óleo sobre tela
Uma infinidade de não-respostas
para quem observa

Se a moça ao menos pudesse fechar a cortina dourada
Cessaria minha tortura...
Contudo, levaria consigo todo o encanto de ser contemplada,
de existir na vida de pessoas que não são quadros,
que não são instantes eternos como ela.

— Priscilla Acioly, 13/11/2013

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