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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Rj - máquina de fazer criminoso


 O título desta postagem eu tirei de uma pichação num desses prédios velhos do meu bairro. Estava exatamente assim: RJ - máquina de fazer criminoso.

Foi absolutamente algo que me fez refletir. Encarar o Rio de Janeiro - ou qualquer outra cidade - como uma máquina é algo realmente sensato.  A cidade é violenta, todos sabem. Mas isso é a questão ampla. E se estudássemos a micro-violência? Digo... aquela instalada nos milhares de lares periféricos, escolas, ruas, becos, favelas...

Sei lá, acho que existem inúmeras formas de violência. Um cidadão de três anos de idade crescer num contexto onde ele é acostumado a ver pessoas da comunidade portando armas e metralhadoras - isso quando ele próprio já não faz esse porte: isso é violência; violência visual, moral. Uma menina de onze anos - e aí, já nem entro mais nas questões saturadas do abuso e exploração sexual - que tem de tomar conta dos nove irmãos e ainda vigiar a casa porque seus pais estão na rua tentando ganhar o pão, isso é violência; violência emocional. Uma mulher que não pode dormir tranquila enquanto ouve sons de bala perdida e no dia seguinte tem de acordar cedo para vender quentinhas sabendo que no final do mês terá ganhado quatro vezes menos o valor de um salário mínimo, isso é violência. Assim como também é violência a vergonha do Ensino Fundamental e Ensino Médio público que não dão a formação adequada à criança, violência contra a cidadania.

Enfim, são muitas questões por baixo do pano. No fundo, no fundo... as micro-violências é que desenham o padrão da criminalidade e tráfico no futuro. Não basta ver a situação pronta, o número de mortos por balas peridas ou mesmo acabar com a boca de fumo. O mais importante são as questões que ninguém vê, aquelas que dizem respeito ao indivíduo e sua dignidade. E garanto que 80% da dignade de um indivóduo estão na educação e na saúde. Com esses dois elementos bem estruturados seria provável que não houvesse micro-violência o que, por sua vez, também influenciaria nas questões amplas (macro-violência).
Claro que a violência em si, nunca acaba. Mas pode diminuir, e muito!

Bom, tem um documentário que eu assisti a primeira vez em casa e me impactou muito, a segunda vez eu vi na escola. Me ajudou a entender muitas coisas que eu não sabia ou não podia enxergar. Esse documentário - e eu o reassisto algumas vezes - me ajuda a sentir uma realidade que está bem longe de mim, nem parece mesmo que é o Rio de janeiro...

Estou postando aqui a parte 1 do documnetário, e ele tem completo no youtube caso você queira vê-lo completo. Chama-se: Notícias de uma guerra particular 

http://www.youtube.com/watch?v=zp7KVlft-54 

2 comentários:

  1. "E os discípulos o interrogravam: quando pois virá o Reino de Deus? No que ele lhes respondeu: o Reino de Deus não virá com visível aparência. Não dirão 'Ei-lo aqui' ou 'lá está' porque o Reino de Deus está dentro de vós." Lc17.19-21

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  2. Houve épocas em que o público e o privado se misturavam, de certo o macro e o micro eram um só. Hoje a superficialidade, a pressa, a busca por visibilidade, a fama, por exemplo, forçam a barra para o "todo mundo" e provoca uma insesibilidade ao particular. Essas dimensões são conectadas sempre. O ser humando é mundo! Legal você trazer o particular a superfície! Oportunidade de calibrar os pneus! Claudia Amaral

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