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sábado, 26 de fevereiro de 2011

O Peixe




Parecia ser mais um dia normal no Oceano Atlântico. Palas, o peixinho, nadava de um lado para o outro entediado. Em algum momento, descobriu que sua vida era vazia, sem sentido. Pois tudo o que fazia era comer e nadar de um lado para o outro. Foi quando teve uma idéia.
"e se eu me esconder ali atrás daquele coral e observar o que os outros peixes fazem?"

E foi isso que Palas fez, escondeu-se atrás do coral. Ficou ali escondido por 14h, achava que ao tirar o foco de si mesmo, poderia fazer uma grande descoberta na vida aquática e q...
-Eureka!
O que foi, Palas? Não percebeu que cortou minha fala?
- Eureka, eureka, eureka!
Mas essa fala é de outra história e, aliás, você não deveria estar contracenando comigo. Sou o narrador!
- Então faz aparecer logo alguém para eu contar as boas novas!
Eu dou um suspiro. Tudo bem, tudo bem... já que está tão eufórico, boa coisa tem de ser.

Faço aparecer uma sardinha.

- Sardinha, você não vai adivinhar o que eu acabei de descobrir.
- Ah, é? E o que descobriu?
- Descobri que.. bom, sabe aqueles bichinhos que não parecem com a gente? - a Sardinha faz cara de quem comeu e não gostou - Aqueeeeles que são pequeninos e que nós gostamos de ver e que não tem isso aqui ó - ele mostra suas nadadeiras.

Desculpe me intrometer, mas você deve estar se referindo às minhocas.
- É, então... são as mi...nhocas? Isso! Elas não são peixes como nós, descobri que as minhocas são...
Iscas.
... Iscas! Certo, elas são iscas porque existe uma outra espécie lá em cima querendo capturar a gente!

A Sardinha o fitou profundamente. Após 7 segundos começou a gargalhar.
- Essa é a coisa mais idiota que já ouvi, Palas. Todo mundo sabe que aquilo são peixes sem nadadeiras!
- Mas ela também não tem brânquias!
- São peixes sem nadadeiras e sem brânquias, oras.
- Mas também não tem escamas!
- São peixes sem nadadeiras, brânquias e escamas!
- Mas elas não tem...
- Ah quer saber? Não vou perder meu tempo contigo. Vou é caçar meu rango de hoje, e você, meu comparça, devia fazer o mesmo. É como a Dona Tartaruga costuma sempre dizer "Brânquias vazias, oficina do Tubarão". Até mais, lelé.

Palas nadou na direçao contrária, decepcionado. Queria alguém que acreditasse nele. A Sardinha nadou dois metros à frente, tentou apanhar uma minhoca e morreu nas mãos de um pescador. Enquanto isso Palas se depara com um Tubarão.

- Tubarão, tenho uma coisa pra te contar! Eu juro que é verdade, sabe aquelas coisinhas que todo mundo tenta comer e que...

O Tubarão sem paciência para ouvir seu discurso, o comeu ali mesmo. Palas foi parar no estômago de um tubarão.


"Quando uma cabecinha começa a querer pensar, vem um tubarão e come essa cabeça, ou então vem uma sardinha e rir-se dela."
(Priscilla Acioly, frase do twitter que originou esse pequeno conto)

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5 comentários:

  1. Como tudo que você escreve, adorei. Não é mais a sua imaginação que me surpreende, mas sua habilidade de tornar algo tão simples em algo encantador.

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  2. E aí está novamente a história do Gênesis: os seres não se contentam apenas em comer e nadar de um lado para o outro... são comidos pelo tubarão, talvez que bom, senão não haveria estórias e história.

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  3. Ai, Ai,
    como é bom um texto que tenha um estranhamento logo de cara. hahahahaha

    Muito Bom, Pri.

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  4. "Brânquias vazias, oficina do Tubarão"...

    Eu já disse que você é um gênio?

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  5. Devo admitir que são poucos os textos que me prendem do início ao fim, o seu é um deles.
    Fiquei curiosa para saber o final.

    E a propósito, em breve falarei sobre o filme que mencionou no meu blog .)
    Até mais!

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