Desde criança, sempre gostei de fazer exame de sangue. Engraçado que eu chegava pequenininha lá na salinha pra tirar o sangue e os enfermeiros ficavam meio tensos se perguntando se eu seria mais uma daquelas crianças que soltariam o monstro dentro de si e faria escândalo. Daí quando eles viam que eu ficava interessada e gostava de observar o sangue saindo pela agulha e entrando nos tubinhos, putz, aí era uma festa. Eles sempre me parabenizavam.
Pra falar a verdade fico até meio triste por eles não ficarem mais eufóricos com a minha coragem de tirar sangue, e daí que vou fazer 20 anos? Tem gente mais velha que faz escândalo pra ser espetado até hoje. Tem pessoas que não podem ver uma mísera gotinha sequer que desmaiam! Eu mesma tenho um amigo que não sei se devo falar o nome, Pedro Diniz, que não pode ver sangue. Já presenciei um desmaio dele, uma loucura.
O exame de sangue é legal, cara. O que verdadeiramente me irrita no exame de sangue é o jejum do dia anterior. Parece sádico você saber que no dia seguinte vai ter que acordar cedo pra ser agulhado e ainda por cima vai ter que parar de comer às 8:00h da noite. O pior de tudo, não sei se já repararam, é que sempre aparece alguma coisa gostosa pra comer lá pelas 10 da noite, sempre! Quando não é seu pai que chegou do trabalho trazendo açaí, é sua mãe que resolveu desenterrar aquele creme de leite do armário e comer, NA SUA FRENTE, com um moranguinho açucarado. Pô, isso é maldade. Eu vivo momentos de tensão por causa do jejum...
É, meu chapa... a parada aqui com a Priscilla é sinistra. Quando a fome bate, é sempre nas horas mais inoportunas, até porque comigo quase nunca é fome, mas sim: vontade de comer. E vontade de comer, sabe como é né... é aquela doença que só se cura comendo. Doença que espanta minhas dietas, que me atormenta no finalzinho de uma aula esperando o intervalo, doença que aparece quando as coisas boas que tinham na geladeira já sumiram... e que quando resolve se manifestar 10 horas antes do exame de sangue, meu amigo: corre pro abraço! Porque se eu ceder e comer, aí é minha mãe que tira meu sangue...