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sábado, 29 de maio de 2010

Eu estou precisando de praia. Assim, no frio mesmo... até porque, eu também preciso de silêncio. E talvez o melhor silêncio seja o barulho do mar.
A praia, nesses dias em que fica mais solitária, torna-se mui amiga. Porque se você reparar bem, quando senta na areia e fica de frente pro mar - sozinho - você ouve segredos que não conseguiria distinguir em um sábado de carnaval repousado na mesma areia. Porque haveria tumulto: muitas pernas, sol quente demais, criancinhas com seus baldinhos, ambulantes insistentes, cangas disputando minúsculos metros quadrados de areia.
Eu amo a Maravilhosa de qualquer jeito; mas tendo me sentir mais atraída pela praia quando parece que a cidade toda dá umas férias a ela. Pra mim, é bem-vindo o silêncio, a noite e a solidão. E não necessariamente com melancolia, porque tem horas que pra eu ficar pulando de alegria eu preciso desses três elementos. A quietude não existe para mim nem nos momentos de quietude. Aliás, pensando bem, nos momentos de quietude eu estou muito pouco quieta. Eu estou fazendo aquilo que mais gosto de fazer... e só eu sei como é, porque o turbilhão devastador do silêncio fingido está dentro de mim.
Eu fico pensando.
Praia, silêncio, pensamento.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eu digo não aos jogos futuristas


Eu não tenho uma relação muito amigável com a tecnologia. Às vezes o MEU PAI sabe usar algumas coisas melhor do que eu, sendo que eu tenho 18 anos e ele... enfim, não quero comentar para não me auto-humilhar ainda mais. Eu também sempre sou a última dos primeiros a ter as coisas [não sei se deu para entender esse lance de último dos primeiros], eu lembro que em 2004/2005 a galera que andava comigo toda já tinha Orkut e tal e eu só fui fazer o meu em 2006!

Eu não sei mexer direito em celulares, mp3, mp7, mp948, ipod, câmeras digitais e tudo que tem muitos botões, entradas USB e telas LCD. Eu demorei, por exemplo, milênios até descobrir como usar alguns aplicativos desse blog e ainda nem sei pôr um layout decente (se alguém se habilitar a me ensinar, agradeço).

O mesmo acontece com os Games. Eu confesso que não sei jogar esses games modernos de tiros, armas, 3D, 4D, 5D e por aí vai... games que fazem o controle tremer pra caramba - aliás, uma péssima invenção essa tremedinha dos controles de hoje em dia, uma vez que, o controle já é um problema pra mim sem tremer porque eu sempre fico mexendo ele de um lado para o outro conforme meu 'boneco' vai fazendo as ações. QUE DIRÁ ele tremendo feito uma barata no cio. A única coisa que ele consegue fazer é me deixar totalmente descontrolada, isso sim!
Bom, fecho aqui o parêntesis de minha indgnação quanto aos controles interativos (ou devo chamá-los de 'hiperativos'?).

Continuando no tópico de coisas que me irritam profundamente, eu sinceramente acho que o sujeito que inventou o Wii gastou anos de sua vida trancado num quarto comendo fandangos e bebendo nescau bolando uma maneira de sacanear pessoas como eu que tem leves desvios de noções básicas como direita e esquerda, reflexos duvidosos e vergonhosa coordenação motora.
Foi com o Wii que eu descobri que uma criança pode sim suar jogando video game - até porque, quando você tem péssima coordenação motora fica muito complicado acertar a raquete na bola de tênis, acredite. Você se mexe de um lado pro outro feito um peru tonto, agaixa, mira, roda e ainda esbarra na platéia que fica te secando em volta doida pra que você perca logo e possa passar a vez. Não que isso já tenha acontecido comigo, claro.

Declarada essa minha falta de familiaridade com a tecnologia vocês podem concluir que tudo que eu vou falar a seguir é recalque. Mas prossigo:

Eu gosto mesmo é de jogos legais como Mario bross que tem toda uma estória de valentia para salvar a princesa passando por fases, túneis perigossísimos com plantas carnívoras, pegando estrelinhas para ficar poderoso ou passando pela rosa para poder cuspir bola de fogo. Entrando em passagens secretas para pular do mundo I para o mundo IV, do IV pro VIII e assim salvar a princesa.
Jogos de fases como Sonic e Donk Kong. Ou então Bomberman - que até hoje eu não consegui passar da primeira fase, mas tudo bem. Jogos de 'pegue a lata de espinafre' do Popeye, F1 race, Street Fighter, Galaza, Tetris (aliás, o tetris que é colorido ninguém me ganha) e vários outros por aí que sempre me remeterão aos anos 90. Pac Man.

Enfim, eu (meu irmão, na verdade) tem um Master System e toda vez que eu vir a SEGA e ouvir aquela vozinha do fundo antes de começar a jogar Sonic... eu vou lembrar com saudades da minha infância. Eu ia pra casa do meu primo, a gente ficava lá jogando a tarde toda. Ele sempre melhor do que eu. Ô tempo bom...

Bomberman




Street Fighters


Mario Bross



Parabéns pelos seus 30 anos Pac Man.

O Time



Pra quem não sabe eu sou o desgosto do meu pai. A primogênita flamenguista, mais precisamente: traidora.
E por que não dizer víbora, estúpida, ovelha negra, vergonha da família... e por aí vai.

Meu pai (assim como toda a família dele) é botafoguense. Na minha casa só tem eu de flamenguista - minha mãe não conta, ela não gosta de futebol.
Quando eu era pequena, eu me lembro, meu pai sempre quis que eu fosse botafoguense. Era uma rixa mais ou menos assim:
meu pai - fala com o papai: fogãooo!
eu - mengoo!
meu pai - mengo não, fogo!
eu - mengo, papai.
Aí vinha o golpe baixo. Meu pai deixava de me dar regalias, brincadeiras legais de me jogar para o alto e outras dessas maldades que se fazem com crianças que não seguem o time dos pais.

Tá, eu to enrolando mas eu vim falar de uma parada séria.
Eu tenho uma teoria de que todos os brasileiros são flamenguistas. Isso porque Flamengo tem algo de peculiar que o diferencia de todos os outros times, vocês já perceberam?

Se o Wagner joga no Palmeiras, ele é Love. Se joga no Flamengo é bandido. Se o Flamengo ganha o jogo, o juíz roubou. Se a torcida enche o estado, faz a festa e as câmeras mostram é porque a Globo é flamenguista (essa eu nunca entendi). Se sai uma briga pessoal entre dois torcedores flamenguistas, já é capa de jornal. Aliás, qualquer nota do Flamengo (mesmo que não tenha a ver com futebol) é capa de jornal. Adriano briga com a mulher? Capa de jornal. Tem gente que diz: prefiro ser viado do que ser flamenguista (?). Tem pai que diz: tudo, meu filho, menos flamengo... tá bem? Tem gente pre prefere ver o flamengo perder numa final de Libertadores a ver o próprio time ganhar o Brasileirão [sim, já ouvi mais de uma vez essas três últimas afirmações].
E aí vem a parte que eu me divirto mais: Se o Flamengo é eliminado da Libertadores, soltam fogos.

É isso mesmo. As pessoas comemoram as derrotas do Flamengo. Não só comemoram mas vibram, regozijam-se, sofrem para que o resultado final seja desfavorável ao time rubro-negro. Gastam tempo e dinheiro preparando fogos. Isso é muito interessante, gente. O Flamengo tem público. O maior, por sinal. E eu não estou tocando na questão dos 35 milhões de torcedores. Porque como eu disse anteriormente, todos os brasileiros são flamenguistas. A diferença é que uns são invertidos, torcem ao contrário porque converteram todo o amor reprimido dentro do peito em ódio. É fácil notar isso quando se faz uma exegése do próprio hino do Fla, quer ver?

"Eu teria um desgosto profundo,
Se faltasse o flamengo no mundo"

Se o Flamengo deixasse de existir, o Brasil todo ficaria órfão. Quem amar? Quem odiar? Ninguém é indiferente ao Flamengo. Todo mundo conhece, todo mundo comenta, todo mundo fala, todo mundo torce - nem que seja contra. Afinal de contas, todo mundo é flamenguista...


O Time está fora da Libertadores, mas não importa. Eu sou casada com o Flamengo. E nesse amor, ninguém se intromete.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Como você reage vendo seu time de futebol pela tv?



Essa postagem foi um comentrário num blog de um amigo. Portanto, PARA LER ESSA POSTAGEM leia primeiro essa: http://tacmgtacomdeus.blogspot.com/2010/05/decitensao.html

"Cara, impressionante mas de uns tempos pra cá, eu tenho sofrido do mesmo problema que você. Eu lembro bem que eu sempre fui 'fria' para ver futebol. Vi, no auge dos meus 10 anos, o Brasil campeão em 2002 e derrotado em 2006 e em ambas as situações eu consegui não enfartar ou ficar com sintômas díspares.

Pois é. Mas tem acontecido algo ultimamente, uma força externa (ou interna) que eu não consigo controlar. Eu não sei... é algo que começa sem que eu perceba e quando eu vejo já me pego cobrindo os olhos com uma falta perigosa perto da área (reagi da mesma forma que você naquela do cortinthias! rs).

Digo... logo eu! Logo eu que sempre gostei de 'sangue', 'adrenalina', jogos expressivos onde tudo pode acontecer a qualquer minuto! Eu não sei por que comecei a sofrer a síndrome-do-fecha-o-olho ou do meu-coração-vai-parar-de-bater. Mas eu sei que foi muito tenso quando eu vi aquele jogo do fla e do corinthias onde qualquer gol que acontecesse naquele finzinho de segundo tempo decidia quem ia e quem ficava.

Ah, outra coisa: eu também comecei a conversar com o jogo. Eu comecei a dar ordens para o juíz, murmurar com os comentaristas. Vez ou outra eu reclamo das substituições do técnico e fico reclamando dos impedimentos mal-feitos em alto e bom som. Uma vez eu até... xinguei um dos jogadores adversários.
Bem, eu não sei onde eu vou parar, mas... com esses comportamentos, só me resta a crer que eu estou virando tudo aquilo que eu sempre critiquei no sexo oposto. Que alguém me livre disso, o mais rápido possível... (rs)


Ps: Eu tava lembrando aqui e pude perceber onde estava a 'grande virada' nisso tudo: Final do campeonato brasileiro.
Sim, foi exatamente lá naquela partida em que eu me pegava chorando (pela primeira vez) por causa de um gol - naquele caso, Ronaldo Angelin - e gritando estericamente. Naquele jogo eu senti várias coisas, era uma parada sinistra: eu no quarto, sozinha, em cima da cama... eu sei que eu rolei, pulei, me contorci e enfim. Depois daquela partida eu comecei a agir como se todo jogo do Fla fosse decisão de brasileirão."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Porque nerd está na moda...


Nerd está na moda. Ou pelo menos o estilo nerd está na moda. Óculos gigantes (não-escuros), estampas xadrez, camisetas 'I ♥ Nerd', quadrinhos, games de RPG, Stan Lee, The Big Bang Theory (aliás, pra quem não sabe, vou me casar com o Sheldon)... Enfim, a intelectualidade tá rolando solta por aí. Será?

É engraçado como os conceitos vão mudando, não é mesmo? Teve a época dos skatistas, a época dos grunges, época dos emos e... época dos nerds. Plim!
Mas, não se engane, não estou falando daquele nerd estereotipado americano - do cabelinho de gel pro lado, camisa emgonada, que faz parte do clube de xadrez, sofre de bronquite asmática e sempre morre de amores por uma cheerleader.
Estou falando da moda que tem se espalhado por aí e que tenho achado muito injusta, por sinal.
Já explico por quê.

Eu nunca fui nerd (não exatamente). Aquela aluna que estuda em casa, com todos os deveres em dia, que nunca conversa na aula e é sempre a escolhida do professor. Não, eu nunca fui essa. Na verdade eu sempre fui participativa e crítica nas aulas. Mas eu conversava bastante, muitas vezes copiava as respostas dos trabalhos alheios (dos nerds) para o meu caderno, de vez em quando colava (química que o diga) e também passava cola (filosofia que o diga).
Mas não estou aqui para falar dos meus comportamentos em sala de aula.

Eu acho muito injusto essa onda Nerd que se espalha pelos adolescentes porque eu sempre fiz parte disso, na época que era totalmente impopular e indiferente alguém ser inteligente.

Pra falar a verdade eu sempre gostei de caras inteligentes e que, de alguma forma, mostrassem (ou tentassem mostrar) que eram melhores do que eu - não que algum garoto realmente possa conseguir ser melhor que eu (rs). Caras criativos, ambiciosos. Que sabem tudo de exatas, inclusive como usar o compasso E o transferidor (acho ambos objetos aterrorizantes) e no futuro pretendem fazer Engenharia. Ou então que sabem tudo de geopolítica e sociologia, inclusive têm bons argumentos quando estão num debate e no futuro pretendem fazer História ou Direito. Enfim isso tudo me atrai muito. Muito mais, aliás, do que o tipo que a maioria das meninas sonham: bonitos, fortes e hmm... bonitos. É. Só pensam nesse raio da beleza. O que pra mim sempre foi muito esquisito porque meu gosto não é muito convencional.

Eu não deveria ter criado essa postagem, pois parece que estou falando muito de mim e do meu gosto para o sexo oposto. Sinto informar que é tudo mentira. Geralmente eu invento uma personagem para escrever nesse blog então, lamento muito, mas você nunca saberá ao certo quem está escrevendo aqui... ou não (rs).

Enfim, eu estou com fome, acho melhor eu tentar concluir isso aqui. Como eu (ou minha personagem) ia dizendo, agora está difícil saber quem é realmente intelectual. Todo mundo quer ser (pseudo) nerd.
Eu mesma confesso que sou uma pseudo intelectual. Gosto de tentar falar sobre tudo e me meter em todos os assuntos (vide minhas postagens sobre futebol). Mas tem gente por aí que está pegando pesado, tem gente por aí que é até comunista (e só tem 15 anos!). Falo isso porque semana passada vi uma garotinha com a camisa do Che estampada no peito...

Nada contra o Che ou contra a menina. Mas eu lembro que um professor uma vez me disse que se o Che estivesse vivo para ver que fizeram um mercado riquíssimo só por causa da imagem dele...
Foi isso mesmo, o professor deixou a frase em reticências.

E agora só o tempo deixará a gente saber quando a onda nerd irá acabar.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Não importa, Neymar está na minha lista...


Eu assisti à entrevista coletiva do Dunga e durante toda ela eu percebi que ele fugia da resposta principal. Fugiu de tudo e só insistia em falar da tal da coerência e do comprometimento. Até aí, eu concordo. Por mim, não adianta mais o Adriano chorar, porque a meu ver se um jogador não se doa ao seu próprio clube, que podemos esperar dele para toda a nação?
Certo. Adriano está fora.

[mas..]

A melhor pergunta (que na verdade era quase retórica) foi de um dos caras que disse mais ou menos o seguinte:
"Eu acho engraçado, Dunga, você dizer que o Neymar é jogador do futuro, quando se trata de um esporte do presente, o futebol. O cara (Neymar) está brilhando, numa ótima fase. Então acho que nós, brasileiros, devemos agradecer por você não ser o técnico de 58, porque você não teria convocado o Pelé."

É, depois disso... acho que eu não preciso falar mais nada. Isso foi basicamente o tapa na cara que eu gostaria de ter dado no Dunga e esse feliz jornalista o fez por mim. O Dunga ficou sem jeito depois desse comentário e tentou sair pela tangente mencionando que não se pode comparar o 'mito' que é o Pelé com outros jogadores.
Só posso esperar agora que o Dunga retribua o tapa na cara, me surpreendendo - você sabe, trazendo o hexa para nós.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Estórias sobre ladrões 2

Bom, eu ia postar alguns contos sobre ladrões de minha autoria. O problema é que eu ainda nãos os criei, e os que criei eu não gostei muito. Eu tenho andado sem tempo - e sem muita imaginação, rs. Por isso estou postando aqui um conto/crônica ainda permeando o tema 'ladrões fanfarrões' com a crônica que me inspirou a criar o Ladrão Honesto (post anterior).



Os Bons Ladrões

Morando sozinha e indo à cidade em um dia de festa, uma senhora de Ipanema teve a sua bolsa roubada, com todas as suas jóias dentro. No dia seguinte, desesperada de qualquer eficiência policial, recebeu um telefonema:
- É a senhora de quem roubaram a bolsa ontem?
- Sim.
- Aqui é o ladrão, minha senhora.
- Mas como o... o senhor descobriu o meu número?
- Pela carteira de identidade e pela lista.
- Ah, é verdade. E quanto quer para devolver os meus objetos?
- Não quero nada, madame. O caso é que sou um homem casado.
- Pelo fato de ser casado, não precisa andar roubando. Onde estão as minhas jóias, seu sujeito ordinário?
- Vamos com calma, madame. Quero dizer que só ontem, por um descuido meu, minha mulher descobriu quem eu sou realmente. A senhora não imagina o meu drama.
- Escute uma coisa, eu não estou para ouvir graçolas de um ladrão muito descarado...
- Não é graçola, madame. O caso é que adoro minha mulher.
- E por que o senhor está me contando isso? O que me interessa são as jóias e a carteira de identidade (dá um trabalho danado tirar outra), e não tenho nada com a sua vida particular. Quero o que é meu.
- Claro, madame, claro. Estou lhe telefonando por isso. Imagine a senhora que minha mulher falou que me deixa imediatamente se eu não me regenerar...
- Coitada! Ir numa conversa dessas.
- Pois eu prometi nunca mais roubar em minha vida.
- E ela bancou a pateta de acreditar?
- Acho que não. Mas, o que eu prometo, eu cumpro; sou um homem de palavra.
- Um ladrão de palavra, essa é fina. As minhas jóias naturalmente o senhor já vendeu.
- Absolutamente, estão em meu poder.
- E quanto quer por elas? Diga logo.
- Não vendo, madame, quero devolvê-las. Infelizmente, minha mulher disse que só acreditaria em minha regeneração se eu lhe devolvesse as jóias. Depois ela vai lhe telefonar para checar.
- Pois fique sabendo que eu estou gostando muito de sua senhora. Pena uma pessoa de tanto caráter estar casada com um... homem fora da lei.
- É também o que eu acho. Mas gosto tanto dela que estou disposto a qualquer sacríficio.
- Meus parabéns. O senhor vai trazer-me as jóias aqui?
- Isso nunca. A senhora podia fazer uma suja.
- Uma o quê?
- A senhora, com o perdão da palavra, podia chamar a polícia.
- Prometo que não chamo, não por sua causa, por causa de sua senhora.
- Vai me desculpar madame, mas nessa eu não vou.
- Também sou uma mulher de palavra.
- O caso madame, é que nós, os desonestos, não acreditamos na palavra dos honestos.
- Tá. Mas como o senhor pretende fazer então?
- Estou bolando um jeito de lhe mandar as jóias sem perigo para mim e sem que outro ladrão possa roubá-las. A senhora não tem uma idéia?
- O senhor entende mais disso do que eu.
- É verdade. Tenho um plano: eu lhe mando umas flores com as jóias dentro dum pequeno embrulho.
- Não seria melhor eu encontrá-lo numa esquina?
- Negativo! Tenho meu pudor, madame.
- Mas não há perigo de mandar algo de tanto valor para uma casa de flores?
- Não. Vou seguir o entregador a uma certa distância.
- Então, vou ficar esperando. Não se esqueça da carteira.
- Dentro de vinte minutos está tudo aí.
- Sendo assim, muito agradecida e lembranças para sua senhora.
Dentro do prazo marcado, um menino confirmava, que em certas ocasiões, até os ladrões mandam flores e jóias.

Autor: Paulo Mendes Campos

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Estórias sobre ladrões

O ladrão Honesto

O sujeito era muito peculiar. A começar pelo nome: Honesto. Pagava as contas em dia, não tinha Gatonet, nem nome sujo ou qualquer dívida que fosse. Era simpático, homem justo, de família com quatro filhos. Como qualquer outro cidadão, era trabalhador.
No entanto, era ladrão. E ele chamava isso seu ofício.

Nas abordagens, era discreto. Não queria chamar atenção, nem machucar ninguém.
- Olá senhor, eu sei que o senhor tem pressa, mas eu preciso que você me passe 50 contos.
- O quê?!
- É isso mesmo que o senhor ouviu, eu estou te assaltando. Não quero ser indelicado, sei que é horário de almoço... mas é a hora que anda dando mais movimento, o senhor me entende?
O assaltado ficou embasbacado. Porém viu o volume no paletó do opositor.
- Você tá armado?
- Claro senhor, tenho que me prevenir... vai que aparece algum ladrão, não é mesmo?
- Tu tá tentando me assaltar e diz que tem que se prevenir? Mas que tipo de ladrão é você, compadre?
- Eu sou Honesto - esticou o braço, talvez na esperança de um cumprimento, afinal valorizava a cortesia. Achava até interessante manter uma relação cordial entre assaltante/assaltado.
- Tá maluco? Acha que eu vou ficar cumprimentando marginal?!
- Desculpe, senhor... agora, se me dá licença, preciso que me passe a grana. Eu estou armado e se você não percebeu está reagindo. Você está dando sorte que eu sou um profissional de ética, se fosse outro já teria disparado bala em você.

O assaltado o fitou por uns instantes... não queria acreditar na situação instalada. E, mesmo achando tudo muito irreal, passou a única nota de cem que tinha consigo para o cafajeste. Afinal, este estava armado e isso não é algo a que se pode ignorar.
- Toma aí seu pilantra, e vê se some da minha frente!
O ladrão pega e examina a nota. Enfia a mão na parte interna do paletó e tira de lá uma nota e a entrega ao homem à sua frente.
- Está aí seu troco. Eu só pedi 50 contos, lembra?
Saiu sem falar nada, satisfeito com um sorriso estampado. O outro homem, fica imóvel. Encarou atentamente o homem do paletó marrom até o mesmo virar a esquina; intrigado com o ladrão... Honesto.


Priscilla Acioly, 3 de maio