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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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Ei, sorria pra mim. Sorria pra mim, vai? Por favor.
Aquela carta de divórcio não foi nada. A planta que secou no verão já não prestava, ela nunca mais vai respirar. Desculpe ter derrubado o seu sorvete preferido de chocolate naquela terça-feira, você estava com muita fome. O carnaval poderia ter sido melhor. Não devíamos encher tanto a cara. Não parou para aquele mendigo, olhou para as nádegas daquela moça. Eu vi. Sabe há quanto tempo não vai há praia? A mesma quantidade de tempo que a Terra leva para girar em torno do sol duas vezes. Desculpe por aquele soco na cara, eu poderia ter me controlado. Quando vai pagar o dinheiro que me deve? Não quero saber de gritarias lá em casa. Menino, pare de subir no muro, se cair não chore. Você sabe com quem está falando?

Então me dê um abraço. Sim, só um. eu sei que em julho o carro quebrou quando mais precisávamos. Sei que poderia ter evitado aqueles comentários venenosos a respeito da sua mãe. Fica aqui, descansa um pouco. Você não conseguiu aquele emprego, mas arranjou um câncer. Perdão. Lembra no finalzinho do inverno quando assistimos aquele filme, e você estragou tudo dizendo aquilo? Lembra? Você poderia dizer obrigado, às vezes. Eu prometo que não vou largar a bicicleta enquanto você estiver andando da próxima vez. Confia em mim.

Me dá um beijo. Eu preciso.

Essas pessoas não foram boas o ano inteiro.
É natal.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Teoria da Literatura I

Passamos pelas Epopéias, depois pelas Tragédias... estamos entrando na Filosofia, até que enfim! Depois vem a Ciência... e é aí que tudo se perde. rs

Ou na verdade, tudo sempre esteve perdido. A gente é que vive brincando de achar... Ao achar uma solução, porém, encontra-se mais coisas perdidas. (Priscilla Acioly)

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A lua e suas formas

Eu fui almoçar na casa da minha vó essa semana e conversa vai, conversa vem... a gente falando da faculdade, ela pega uma pasta dela de coisas e me mostra uns poemas que eu fiz quando era criança! Poemas que eu nem sequer sabia que existiam!! Eu ri de mim mesma e das coisas que li... vou mostrar um deles, esse tem a data, inclusive. Eu tinha acabado de fazer 9 anos.





A lua e as suas formas

Lua é uma coisa engraçada,
enche e esvazia
Tem várias formas!
Uma noite está cheia como bola
E outra está vazia

Uma noite está no meio do céu,
Outra noite desaparece
Mas que mistério é esse
que ela some e cresce?

Priscilla Acioly 17/10/2000

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Universidade Brasil



O que eu vejo?
Eu vejo alemães, ingleses, franceses, americanos...
Vejo gente distante que é mais próxima que meus próximos.

O que eu vejo?
Eu vejo tudo, menos brasileiros.


Feito há 5 minutos na aula de prática de interpretação textual. Não fazia parte da aula.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Romeu e Julieta? Que nada...

"(...)
Se encontraram então no parque da cidade
A Mônica de moto e o Eduardo de camêlo
O Eduardo achou estranho, e melhor não comentar
Mas a menina tinha tinta no cabelo
(...)
E mesmo com tudo diferente, veio mesmo, de repente
Uma vontade de se ver
E os dois se encontravam todo dia
E a vontade crescia, como tinha de ser...
(...)
E os dois comemoraram juntos
E também brigaram juntos, muitas vezes depois
E todo mundo diz que ele completa ela
E vice-versa, que nem feijão com arroz"


Na falta do que escrever, posto aqui essa musica que conheço desde que me entendo por gente (valeu, pai) e que faz parte da minha atual trilha sonora... haha

hasta luego, rs.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Sem fim, sem começo

Uma rápida satisfação: eu não abandonei o blog, gente. É que estou sem computador, mas ainda continuo escrevendo em casa. Tenho postado muito pouco por causa das limitações.
Mas só pra não ficar muito ausente do blog, estou postando esse conto de amor (o que não é nem um pouco a minha praia) que, em outro momento, seria impublicável.
haha, enjoy guys.




E no meio das conversas e risadas a gente se beijou - por pensamento, é claro. Foi só quando quebrei o silêncio que o beijo telepático também foi interrompido.

Fizemos amor - embora não tenhamos nos encostado - através das letras de músicas, falávamos o que queríamos sem parecer querer.

Eu sabia o que ela queria, e ela sabia de mim.
Apesar de nenhum dos dois sabermos absolutamente nada.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Vida de Cão

Vejam bem, eu só postei esse esboço (ultra cru e secreto, suscetível a várias mudanças) porque ainda não tive tempo para postar algo decente no mês de setembro.



Meu nome é Hunter e eu sei que parece nome de cachorro. Eu sou um cachorro. Esse mesmo - quatro patas, duas orelhas, um rabo e pêlo curto - que você está pensando. Faz dois anos que eu ganhei um dono - ou, como diria o pequeno Arthur, faz dois anos que ele me ganhou. Ao que parece eu fora algum tipo de produto; algo que os humanos chamam de “presente” e acho que o ritual mais próximo, para o termo presente que temos em nossa cultura é o famoso Osso-Duro-de-Roer. O Osso-Duro-de-Roer tem uma história sensacional, aliás.

[No século IV d.C (d.C é a silga referente ao Cão Mor) um osso meio amarelado e realmente duro foi dado de presente para uma cadela, como cortesia, após ser arrancado numa briga de cães lá pelas bandas do Oriente Médio... desde então, esse gesto vem se repetindo sistematicamente a ponto de em todo o ocidente os cães de todas as raças usarem de tal artifício para cortejar as cadelas que, por sua vez, relacionam o Osso-Duro-de-Roer aos "cachorros-conquistadores" à procuda das "cadelas-sem-critério" - isto é, cadelas fáceis demais. Muitos Linguisticãonistas, inclusive, concluem que é por causa do ritual do "Osso-Duro-de-Roer" que os humanos usem os termos "cachorro" e "cadela" de forma pejorativa ao se referir a outro ser humano.

Desde que me mudei para esse novo lar, eu comecei a observar melhor a raça humana e descobri aspectos interessantíssimos sobre "os sofisticados". Quando o pai de Arthur chega do trabalho, por exemplo, e ele ainda está com o carro fora da entrada do condomínio eu começo a latir (não porque, segundo ele, eu fico feliz com sua iminente presença mas sim porque sei que é a hora do meu rolé está chegando), reconhecendo o velho e caquético Fiat Uno do seu Bené. Meus donos ficam animadíssimos com isso e me acham super inteligente e único - quando na verdade ignoram que qualquer cão tem uma capacidade auditiva incrível e um olfato que possui cerca de 215 milhões de células olfativas a mais do que um ser humano.

[continua... um dia, tomara.]

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Prazer, Dudu.



Você é o tipo de pessoa que tem problemas quando conhece um amigo novo e tem que repetir seu nome pelo menos umas três vezes até se fazer entender? Então bem-vindo ao meu mundo. Bom, não que eu tenha um nome alienígena ou algo do tipo. As pessoas simplesmente não acreditam que o meu nome é o nome que eu digo. Algumas vezes (e não são poucas) sou constrangido a comprovar com a identidade.

Meu nome é Dudu. Meu Pai escolheu esse nome porque sabia que colocando 'Eduardo' todos acabariam por me chamar Dudu mesmo. Papai é um homem prático, sabe? Chegou no cartório decidido.

Flash-back:
- Pode pô aí o nome do menino: Dudu.
- Perdão, senhor?
- Isso mermo, o garoto vai se chamar Dudu.

A única coisa que o pobre homem do cartório poderia fazer - além de desconfiar que meu pai andara bebendo - era concordar, e rápido! Afinal de contas meu pai já naquela época tinha um aspecto intimidador com seus quase dois metros de altura e trícepis e bícepis invejáveis até mesmo para o Incrível Hulk. E, veja lá, o cartório não ia querer briga com o negão.

A escolha do nome foi feita por minha mãe. Ela queria Eduardo mas, por uma síncope, aceitou a sugestão muito estúpida de papai. Na escala hierárquica da família mamãe sempre foi muito autoritária com papai, que, por sua vez, sempre foi muito autoritário comigo. Eu tentei ser autoritário com Gugu, o nosso cão.

Simulação:
- Gugu, xixi ali, agora!
Eu aponto inocentemente o jornal para meu querido cão. Ele me fita os olhos arrogante, levanta uma das patas e urina no carpete totalmente alheio a mim. Depois sai feliz da vida abanando o rabo em direção ao quintal, como quem aproveita um belo dia de verão.
Ao passo que, posso conlcuir, até Gugu tem mais dignidade que eu lá em casa.

Bom, eu poderia me prolongar aqui, para vocês me conhecerem melhor. Mas não dá. Então, para concluir, eu dizia que papai resolveu por meu nome de Dudu para evitar que o apelido se sobrepôsse ao nome. Bela idéia de meu pai. Desde que pisei meu primeiro pé no ensino fundamental meu apelido agora é Eduardo.
Hasta la vista, baby.

Moral da história: ensino fundamental é um inferno.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Priscillidade




Oi, gente. Acho que estou deixando esse blog muito abandonado. Vontade de escrever e idéias não me faltam, juro. Mas é que, sei lá, estou só sem-vergonha mesmo. Eu também estou achando esse blog muito sem critério; ora escrevo coisa irrelevante, ora escrevo contos... e bla bla bla. Bem, portanto vou apresentar para vocês o meu outro blog que eu não tinha publicado a ninguém. E esse sim, é um blog onde eu posto apenas coisas mais... bom, eu não sei como eu classificaria. Mas é algo que eu chamaria de "escritos conscientes", são textos pensados para se fazer literatura e, enfim... pelo menos tentar. Então vocês podem dar uma conferida:

http://www.a-aumentadoradepontos.blogspot.com/

É isso então. E, por ora, esse blog dos devaneios fica só com os temas easy, sem muita preocupação... certinho?
Se eu quiser mudar depois, eu mudo de novo... metamorfose ambulante; sempre.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Cerveja & Moderação



Mais uma vez eu percebo que há algo de muito errado com as propagandas publicitárias - de todos os seguimentos - e, dessa vez, quero focar nas propagandas de cerveja. Para começar, eu não sei se eu sou a única que reparei - e provavelmente não sou - na 'felicidade' do Universo Cervejeiro. As propagandas de cerveja são sempre dotadas de muito sol, praia, pagode, mulher gostosa... e homens babacas (e o babaca é por minha conta) tomando a bendita.

É sério, escutem o que estou dizendo, ou melhor, leiam o que estou escrevendo: existe uma fórmula de fazer propagandas de cerveja. O negócio tá tão manjado, mas tão manjado que eu, sem nenhum preparo acadêmico especializado em marketing, publicidade & cia; sim, eu mesma, moradora do bairro Taquara, com 19 anos imcompletos e uma vasta experiência em me locomover de Kombi por Jacarepaguá, poderia fazer uma propaganda publicitária de cerveja. Aliás, qualquer idiota poderia, então eu - que não sou idiota, ou pelo menos tenho quase certeza - posso falar isso com propriedade.

É muito simples... eu acho que o cara responsável por esse tipo de comercial não deve mais ter preocupações na vida. Acho que quando ele pega mais um roteiro de propaganda de cerveja ele deve olhar para aquilo com aquela cara de tédio, repousar um de seus braços em sua pança-de-cerveja, coçar a barba e falar: - Aí pessoal, providenciem já as mulatas, um Zé-Com-Um-Pagodinho, uns três marmanjos e 148927847968500393 tipos diferentes de embalagens da marca que é pra gente poder espalhar pelo cenário pra dar o nosso recado sutil, falô?

E sabem por que é sempre a mesma coisa? Simplesmente porque eles não têm como te convencer que a cerveja é boa por si só. Veja bem, você nunca (grave o que estou te dizendo) em sua vida vai ver um comercial de cerveja em que o locutor consiga vender o produto em questão apenas argumentando sobre suas qualidades. Aliás, você já viu algum comercial relatar, dizer, revelar, comunicar ou mostrar quaisquer tipo de qualidades de uma cerveja? Se sim, eu lhe digo que o argumento 'porque ela é boa' não conta.

Agora, a única coisa que pode ser pior do que um comercial de cerveja tentando te convencer a consumir aquele produto, são as sutis (e bota sutis nisso!) "anti-propagandas" do Ministério da Saúde tentando fazer com que você NÃO consuma o produto em excesso. Pensa só: o comercial começa todo maravilha com aquelas belas mulheres, aquele sol escaldante de um domingo à tarde, um belo sambinha de fundo... você está lá na sua poltrona e fica até mais leve com a situação fictícia que somente os anúncios de cerveja te proporcionam. Afinal de contas nada mais importa se você puder tomar uma loura geladinha, não é mesmo? Acha até que naquela mesma noite você vai mesmo é se esbaldar!

Pois bem, se o comercial parasse ali, eu até entenderia... (tá bem, eu não entenderia de fato). Mas o que me irrita é que no finzinho do comercial aparece uma faixa azul pequena com o simples aviso: Beba com moderação. Só que o negócio passa tão rápido, mas tão rápido que eu chego a questionar se aquilo não seria na verdade uma mensagem subliminar ao invés do bom-senso do Ministério da saúde. E aí eu me pergunto: COMO ASSIM "BEBA COM MODERAÇÃO" ???? Gente, raciocinem comigo... o sujeito que passou pelo menos três minutos vendo um bando de idiotas se acabando na cerveja não será convencido de modo algum que vai ter que beber com moderação. Então deixo a minha dica para O Ministério da Saúde: da próxima vez que vocês quiserem convencer alguém a não se alcoolizar até o sangue ficar aguado, que tal vocês não fazerem que nem nas novelas do Manoel Carlos e colocar uns ex pé-de-cana falando que perderam metade do fígado, a casa, a mulher, a guarda dos filhos e, de quebra, a dignidade por terem se deixado levar pelo vício da bebida, hein?

Talvez isso pudesse desiludir um pouco o cara que está em frente a tv. Sei lá, um modo de neutralizar a Felicidade Cervejeira. Mas acho que nem mesmo assim os bebedores parariam de beber que nem desesperados (vide as publicidades nas embalagens de cigarro). À essa altura, se você conseguiu ler essa postagem até aqui, você deve se perguntar por que eu gastei tanto tempo falando de cerveja e moderação, não é mesmo? Simples. Eu não acredito no termo Cerveja & Moderação. Não acredito que empresa alguma está preocupada no bem-estar do consumidor. Se a missão deles é vender, eles vão é querer que você consuma o quanto puder, da maneira que puder e o mais que puder, e pior, vão fazer de tudo para que pareça legal e normal.

Já parou para pensar por que você sai nos fins de semana e diz: "vou beber todas essa noite"?
Se você nunca parou para pensar nisso, é porque tem alguém pensando por você.


segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estrangeiros e vocações profissionais



Eu estava em mais um dia entediante do trabalho quando ele apareceu. Era estrangeiro, claro... eu sabia que era - nenhum brasileiro seria estupidamente idiota para enrolar um cachecol daquela maneira sem querer parecer gay. E ele não era gay, era apenas estrangeiro porque se fosse gay eu também saberia - e viria me perturbar, certamente.
- Hi, could you help me, please?
Eu também o perturbaria, não estava com paciência para bocós.
- Olá, gostaria de ver alguma coisa, senhor?
O bocó me olhava com cara de bocó. Eu retribuía com um sorriso cínico de vendedora.
- Well, i don't understand what you say, lady... but, uhh... I really liked that coat and I wonder how much is it.
Eu o olhava com cara de paisagem. Estrangeiros abusados.
- Hmm, so does anybody here speak english? Because of course you aren't understanding me...
Ele deu uma risada tosca e arrogante. Era hora de eu intervir.
- I don't think anyone here speaks english... like you must have realised, we are all brazilians.
Ele ficou me encarando por uns segundos, talvez não tivesse entendido o sarcasmo. Ou talvez só estava surpreso porque eu tinha conseguido estabeler contato. Prossegui.
- It was a joke... so, what do you want?
- Do you speak english?
- Yes, unfortunaly... But... you were saying about a coat, right? Is that one that you want?
Eu apontei para o suéter azul.
- Yes, it is! Thanks... and what do you mean when you say "unfortunaly"?
Oh, não... ele ia me fazer ter uma longa conversa sobre questões culturais? Não, por favor.
- Well, i mean that people like you come to other countries and think they are right not trying to speak the local idiom. You are the tourists so you are suposed to speak my languague.
Ele me encarou por mais uns cinco segundos, pagou o suéter e foi embora.
Eu fiquei rindo comigo mesma no meu balcão... eu era tão inteligente.
Resolvi pedir demissão daquele emprego estúpido naquele exato minuto.


_

sexta-feira, 9 de julho de 2010

( )

Este blog daqui por diante não terá outra finalidade que não seja distrair, entreter, irritar e agradar somente à pessoa que o escreve.


-

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Conversa de neto e avô

O menino magrelo, mais ou menos uns oito anos, pergunta:
- Vô...
- Hmm?
- O que o senhor ia preferir: torcer para o Brasil no final da Copa do Mundo e o Brasil não ganhar, ou não torcer e nem ver o jogo e o Brasil ser campeão?
O avô desviou os olhos do jornal e fitou o neto por cima dos óculos com uma expressão curiosa, quase condescentende.
- Você é inteligente, meu filho. Vem sempre com uma de suas sacadas...
- Não fuja da pergunta, vô...
Ainda a fitá-lo por cima dos óculos, respondeu:
- É uma pergunta difícil... mas a resposta é fácil.
O menino esperou.
- Torcer para o Brasil na final da Copa do Mundo e o Brasil não ganhar.
O pequeno se exaltou.
- Você está querendo dizer que peferiria que o Brasil perdesse uma Copa do Mundo?!?!
- Absolutamente que não, meu filho, ninguém gosta de derrotas.
- Mas então...
- O que quero dizer é que nenhuma vitória tem valor se não tiver quem se importe com ela.

Priscilla Acioly, 30/06/2010

domingo, 20 de junho de 2010

Reina de los clichés


Perigo: postagem sem pé nem cabeça e metalingüística.


Meu nome é Tamara. E eu estou lá numa quarta-feira à tarde tentando dar uma de escritora, com o papel na mão e a caneta a postos. Está um pouco calor, a rua está meio parada e eu estou dando uma de intelectual. Vou escrever utilizando-me de uma personagem, é claro.
De repente me vem à cabeça! Mas é claro, exatamente!
Começo a escrever, minha idéia é brilhante. As palavras são perspicazes, o toque sutil e as ironias simplesmente magníficas.
Está feito.

Depois de dias, semanas, ou meses eu a reencontro. Por que tudo que eu escrevera agora parece tão idiota, tão óbvio? Já vi tópicos bem melhores que esses a respeito do mesmo assunto.
Mas que prepotência a minha, achar que eu fui a primeira.
O clichê estava lá, bem na frente da minha cara. Que besta.
Então eu pego o papel e o amasso, e jogo fora.
Talvez a culpa disso tudo seja de Clarice Lispector... ela, sim, é irritante, inteligentemente macabra. Acho que ela sabia tudo aquilo que eu queria ter escrito.


Ora, depois eu volto aqui para jogar isto fora também.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Dia dos Namorados





-Amor, amanhã é dia dos namorados - ele diz com visível empolgação.
Ela continua assistindo ao jogo da Copa sem ser abalada.
- Amor! - Ele insiste.
- Hmm...? - ela murmura ainda vidrada na tela.
- Eu disse que amanhã é Dia dos Namorados! Você não ouviu não, é? - Estala os dedos impaciente.
- É eu sei, também gosto disso e... VAI, CRUZA! CRUZA ESSA BOLA! - exasperada ela fica de pé gritando, se lamentando pelo passe errado do atacante - Mas que imbecil, se tivesse cruzado antes... mas não, foi tentar jogada individual isso que dá, babaca.
- Cristiana dá pra parar de olhar pro jogo e me ouvir de uma vez por todas?! Não é nem jogo do Brasil, caramba.
Ele já estava com raiva. Finalmente ela percebe a presença dele na sala e se senta mais acalmada.
- Ah, amor! Não precisa ficar bravo, o que dizia...? - sorriso cara-de-pau.
- Nada.
Ela o observa, ele está de braços cruzados; mau sinal. Afinal, o que ele tinha dito mesmo...?, deveria ter alguma coisa a ver com o aniversário da mãe... ou quem sabe a festa junina do Carlinhos? Deveria intervir, insistir na conversa, tentar reconciliar seja o lá o que ela tivesse feito de errado ou ficar de olho para a cobrança de falta perigosa perto da área da Argentina?
Ela arriscou.
- Então, tá tudo bem mesmo...? - olhou desconfiada pra ele.
Ele ficou calado por uns segundos, o jogador argentino ajeitou a bola no pé.
- Bom, já que você não quer falar então é porque está tudo bem. - ela ficou aliviada, retomando a atenção para o lance.
O jogador foi correndo para o chute. Bateria para alguém, arriscaria direto? Quanta apreensão naquele fim de segundo tempo dramático e...
- Sabe o que é, Cristiana?
Ele se colocou de pé na frente da tela, balançando os dedos acusadores para ela. Ótima hora para ser teatral, ela conseguiu pensar com sarcasmo.
- É que você não escuta nada do que eu falo porque fica vidrada nesse jogo que NEM É DO BRASIL e age como se fosse um robô que não está presente aqui do meu lado.
- Amor, que isso, eu tô aqui sim! Pode falar o que quiser, sou toda ouvidos! - disse, sem conseguir esconder o tom incoscientemente cínico na voz - Agora, er, você poderia só chegar um pouco para o lado?
- Não, Cristiana! Você só dá atenção pra esse maldito futebol. Amanhã é Dia dos Namorados e você nem sequer se deu conta disso!!
Dia dos namorados?
Ela olhou pro relógio e viu a data. Estava lá bem clara: doze de junho de dois mil e dez. Maldição.
- Amor, meu Deus, é claro que eu sabia que amanhã é Dia dos Namorados. É que você nem me dá chances de fazer surpresa, poxa...
Ele baixou a guarda, por essa ele não esperava.
- Surpresa?
" E apita o árbitro no segundo tempo! Fim de jogo com a virada sensacional da Argentina..."

- É, surpresa. Só que agora você ficou irritado e conseguiu ME deixar irritada por não ter visto o gol de virada da Argentina! Não tem mais surpresa nenhuma agora!
Um alívio, ela era péssima em surpresas.
- A culpa não é minha se você foi ignorante comigo. E tudo bem, eu posso procurar outra namorada para passar o dia amanhã comigo.
- E eu posso procurar outro namorado menos reclamão e mais legal que você pra ver o jogo comigo. Duvido que seja difícil...
- Tenho certeza de que será fácil encontrar uma garota que não aja como uma louca só por causa da Copa do Mundo.
- Tá bem!
- Tá legal!
Ele foi pra casa. Ela ficou em casa.

No dia seguinte ela apareceu na casa dele logo de manhã. Estava arrependida, sabia que ele era sensível, um cara diferente.
- Nil, sou eu... pode abrir.
Ele hesitou no olho mágico, mas cedeu.
- O que você quer?
- Desculpa por ontem, eu peguei pesado. Mas pra compensar eu quero que a gente passe o dia de hoje num lugar bem legal.
- Hoje tem jogo do Brasil, Cristiana. Esse até eu vou querer ver - ele revirou os olhos. Não era fã de futebol.
Ela abriu um sorriso imediato.
- Ótimo. Porque já trouxe as cornetas, as bandeiras e uma caixa de cerveja...! - ela entrava com as tralhas para dentro da casa dele.
- Pelo visto você pensou em tudo hein... só não sei ainda se eu já te perdoei.
- Não seja besta, claro que já.
- Não sei não...
- Você pode não gostar de futebol, Nilsinho... - ela disse, dando um beijinho no beicinho dele - mas duvido que não goste do uniforme que estou usando.
Ele a encarou confuso.
- Me refiro ao uniforme que você não pode ver, seu lesado. - ela riu, revirando os olhos. Ele sorriu satisfeito.
- Isso parece bastante interessante... - ele tentou se proximar dela ao beliscar sua cintura.
- Ei, o que acha que está fazendo? Comemorações só depois que o Brasil ganhar - ela deu um tapa nos dedos dele.
Os dois riram de si mesmos. E aquela tarde foi agradável. Brasil ganhou de 5x3 da Alemanha com todos os gols marcados por zagueiros... Nilsinho quase ficou surdo com as cornetadas de Cristiana e - no fim das contas - ele mesmo teve de admitir que gostava um pouco de futebol... talvez porque ele gostasse muito de Cristiana.

sábado, 29 de maio de 2010

Eu estou precisando de praia. Assim, no frio mesmo... até porque, eu também preciso de silêncio. E talvez o melhor silêncio seja o barulho do mar.
A praia, nesses dias em que fica mais solitária, torna-se mui amiga. Porque se você reparar bem, quando senta na areia e fica de frente pro mar - sozinho - você ouve segredos que não conseguiria distinguir em um sábado de carnaval repousado na mesma areia. Porque haveria tumulto: muitas pernas, sol quente demais, criancinhas com seus baldinhos, ambulantes insistentes, cangas disputando minúsculos metros quadrados de areia.
Eu amo a Maravilhosa de qualquer jeito; mas tendo me sentir mais atraída pela praia quando parece que a cidade toda dá umas férias a ela. Pra mim, é bem-vindo o silêncio, a noite e a solidão. E não necessariamente com melancolia, porque tem horas que pra eu ficar pulando de alegria eu preciso desses três elementos. A quietude não existe para mim nem nos momentos de quietude. Aliás, pensando bem, nos momentos de quietude eu estou muito pouco quieta. Eu estou fazendo aquilo que mais gosto de fazer... e só eu sei como é, porque o turbilhão devastador do silêncio fingido está dentro de mim.
Eu fico pensando.
Praia, silêncio, pensamento.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Eu digo não aos jogos futuristas


Eu não tenho uma relação muito amigável com a tecnologia. Às vezes o MEU PAI sabe usar algumas coisas melhor do que eu, sendo que eu tenho 18 anos e ele... enfim, não quero comentar para não me auto-humilhar ainda mais. Eu também sempre sou a última dos primeiros a ter as coisas [não sei se deu para entender esse lance de último dos primeiros], eu lembro que em 2004/2005 a galera que andava comigo toda já tinha Orkut e tal e eu só fui fazer o meu em 2006!

Eu não sei mexer direito em celulares, mp3, mp7, mp948, ipod, câmeras digitais e tudo que tem muitos botões, entradas USB e telas LCD. Eu demorei, por exemplo, milênios até descobrir como usar alguns aplicativos desse blog e ainda nem sei pôr um layout decente (se alguém se habilitar a me ensinar, agradeço).

O mesmo acontece com os Games. Eu confesso que não sei jogar esses games modernos de tiros, armas, 3D, 4D, 5D e por aí vai... games que fazem o controle tremer pra caramba - aliás, uma péssima invenção essa tremedinha dos controles de hoje em dia, uma vez que, o controle já é um problema pra mim sem tremer porque eu sempre fico mexendo ele de um lado para o outro conforme meu 'boneco' vai fazendo as ações. QUE DIRÁ ele tremendo feito uma barata no cio. A única coisa que ele consegue fazer é me deixar totalmente descontrolada, isso sim!
Bom, fecho aqui o parêntesis de minha indgnação quanto aos controles interativos (ou devo chamá-los de 'hiperativos'?).

Continuando no tópico de coisas que me irritam profundamente, eu sinceramente acho que o sujeito que inventou o Wii gastou anos de sua vida trancado num quarto comendo fandangos e bebendo nescau bolando uma maneira de sacanear pessoas como eu que tem leves desvios de noções básicas como direita e esquerda, reflexos duvidosos e vergonhosa coordenação motora.
Foi com o Wii que eu descobri que uma criança pode sim suar jogando video game - até porque, quando você tem péssima coordenação motora fica muito complicado acertar a raquete na bola de tênis, acredite. Você se mexe de um lado pro outro feito um peru tonto, agaixa, mira, roda e ainda esbarra na platéia que fica te secando em volta doida pra que você perca logo e possa passar a vez. Não que isso já tenha acontecido comigo, claro.

Declarada essa minha falta de familiaridade com a tecnologia vocês podem concluir que tudo que eu vou falar a seguir é recalque. Mas prossigo:

Eu gosto mesmo é de jogos legais como Mario bross que tem toda uma estória de valentia para salvar a princesa passando por fases, túneis perigossísimos com plantas carnívoras, pegando estrelinhas para ficar poderoso ou passando pela rosa para poder cuspir bola de fogo. Entrando em passagens secretas para pular do mundo I para o mundo IV, do IV pro VIII e assim salvar a princesa.
Jogos de fases como Sonic e Donk Kong. Ou então Bomberman - que até hoje eu não consegui passar da primeira fase, mas tudo bem. Jogos de 'pegue a lata de espinafre' do Popeye, F1 race, Street Fighter, Galaza, Tetris (aliás, o tetris que é colorido ninguém me ganha) e vários outros por aí que sempre me remeterão aos anos 90. Pac Man.

Enfim, eu (meu irmão, na verdade) tem um Master System e toda vez que eu vir a SEGA e ouvir aquela vozinha do fundo antes de começar a jogar Sonic... eu vou lembrar com saudades da minha infância. Eu ia pra casa do meu primo, a gente ficava lá jogando a tarde toda. Ele sempre melhor do que eu. Ô tempo bom...

Bomberman




Street Fighters


Mario Bross



Parabéns pelos seus 30 anos Pac Man.

O Time



Pra quem não sabe eu sou o desgosto do meu pai. A primogênita flamenguista, mais precisamente: traidora.
E por que não dizer víbora, estúpida, ovelha negra, vergonha da família... e por aí vai.

Meu pai (assim como toda a família dele) é botafoguense. Na minha casa só tem eu de flamenguista - minha mãe não conta, ela não gosta de futebol.
Quando eu era pequena, eu me lembro, meu pai sempre quis que eu fosse botafoguense. Era uma rixa mais ou menos assim:
meu pai - fala com o papai: fogãooo!
eu - mengoo!
meu pai - mengo não, fogo!
eu - mengo, papai.
Aí vinha o golpe baixo. Meu pai deixava de me dar regalias, brincadeiras legais de me jogar para o alto e outras dessas maldades que se fazem com crianças que não seguem o time dos pais.

Tá, eu to enrolando mas eu vim falar de uma parada séria.
Eu tenho uma teoria de que todos os brasileiros são flamenguistas. Isso porque Flamengo tem algo de peculiar que o diferencia de todos os outros times, vocês já perceberam?

Se o Wagner joga no Palmeiras, ele é Love. Se joga no Flamengo é bandido. Se o Flamengo ganha o jogo, o juíz roubou. Se a torcida enche o estado, faz a festa e as câmeras mostram é porque a Globo é flamenguista (essa eu nunca entendi). Se sai uma briga pessoal entre dois torcedores flamenguistas, já é capa de jornal. Aliás, qualquer nota do Flamengo (mesmo que não tenha a ver com futebol) é capa de jornal. Adriano briga com a mulher? Capa de jornal. Tem gente que diz: prefiro ser viado do que ser flamenguista (?). Tem pai que diz: tudo, meu filho, menos flamengo... tá bem? Tem gente pre prefere ver o flamengo perder numa final de Libertadores a ver o próprio time ganhar o Brasileirão [sim, já ouvi mais de uma vez essas três últimas afirmações].
E aí vem a parte que eu me divirto mais: Se o Flamengo é eliminado da Libertadores, soltam fogos.

É isso mesmo. As pessoas comemoram as derrotas do Flamengo. Não só comemoram mas vibram, regozijam-se, sofrem para que o resultado final seja desfavorável ao time rubro-negro. Gastam tempo e dinheiro preparando fogos. Isso é muito interessante, gente. O Flamengo tem público. O maior, por sinal. E eu não estou tocando na questão dos 35 milhões de torcedores. Porque como eu disse anteriormente, todos os brasileiros são flamenguistas. A diferença é que uns são invertidos, torcem ao contrário porque converteram todo o amor reprimido dentro do peito em ódio. É fácil notar isso quando se faz uma exegése do próprio hino do Fla, quer ver?

"Eu teria um desgosto profundo,
Se faltasse o flamengo no mundo"

Se o Flamengo deixasse de existir, o Brasil todo ficaria órfão. Quem amar? Quem odiar? Ninguém é indiferente ao Flamengo. Todo mundo conhece, todo mundo comenta, todo mundo fala, todo mundo torce - nem que seja contra. Afinal de contas, todo mundo é flamenguista...


O Time está fora da Libertadores, mas não importa. Eu sou casada com o Flamengo. E nesse amor, ninguém se intromete.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Como você reage vendo seu time de futebol pela tv?



Essa postagem foi um comentrário num blog de um amigo. Portanto, PARA LER ESSA POSTAGEM leia primeiro essa: http://tacmgtacomdeus.blogspot.com/2010/05/decitensao.html

"Cara, impressionante mas de uns tempos pra cá, eu tenho sofrido do mesmo problema que você. Eu lembro bem que eu sempre fui 'fria' para ver futebol. Vi, no auge dos meus 10 anos, o Brasil campeão em 2002 e derrotado em 2006 e em ambas as situações eu consegui não enfartar ou ficar com sintômas díspares.

Pois é. Mas tem acontecido algo ultimamente, uma força externa (ou interna) que eu não consigo controlar. Eu não sei... é algo que começa sem que eu perceba e quando eu vejo já me pego cobrindo os olhos com uma falta perigosa perto da área (reagi da mesma forma que você naquela do cortinthias! rs).

Digo... logo eu! Logo eu que sempre gostei de 'sangue', 'adrenalina', jogos expressivos onde tudo pode acontecer a qualquer minuto! Eu não sei por que comecei a sofrer a síndrome-do-fecha-o-olho ou do meu-coração-vai-parar-de-bater. Mas eu sei que foi muito tenso quando eu vi aquele jogo do fla e do corinthias onde qualquer gol que acontecesse naquele finzinho de segundo tempo decidia quem ia e quem ficava.

Ah, outra coisa: eu também comecei a conversar com o jogo. Eu comecei a dar ordens para o juíz, murmurar com os comentaristas. Vez ou outra eu reclamo das substituições do técnico e fico reclamando dos impedimentos mal-feitos em alto e bom som. Uma vez eu até... xinguei um dos jogadores adversários.
Bem, eu não sei onde eu vou parar, mas... com esses comportamentos, só me resta a crer que eu estou virando tudo aquilo que eu sempre critiquei no sexo oposto. Que alguém me livre disso, o mais rápido possível... (rs)


Ps: Eu tava lembrando aqui e pude perceber onde estava a 'grande virada' nisso tudo: Final do campeonato brasileiro.
Sim, foi exatamente lá naquela partida em que eu me pegava chorando (pela primeira vez) por causa de um gol - naquele caso, Ronaldo Angelin - e gritando estericamente. Naquele jogo eu senti várias coisas, era uma parada sinistra: eu no quarto, sozinha, em cima da cama... eu sei que eu rolei, pulei, me contorci e enfim. Depois daquela partida eu comecei a agir como se todo jogo do Fla fosse decisão de brasileirão."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Porque nerd está na moda...


Nerd está na moda. Ou pelo menos o estilo nerd está na moda. Óculos gigantes (não-escuros), estampas xadrez, camisetas 'I ♥ Nerd', quadrinhos, games de RPG, Stan Lee, The Big Bang Theory (aliás, pra quem não sabe, vou me casar com o Sheldon)... Enfim, a intelectualidade tá rolando solta por aí. Será?

É engraçado como os conceitos vão mudando, não é mesmo? Teve a época dos skatistas, a época dos grunges, época dos emos e... época dos nerds. Plim!
Mas, não se engane, não estou falando daquele nerd estereotipado americano - do cabelinho de gel pro lado, camisa emgonada, que faz parte do clube de xadrez, sofre de bronquite asmática e sempre morre de amores por uma cheerleader.
Estou falando da moda que tem se espalhado por aí e que tenho achado muito injusta, por sinal.
Já explico por quê.

Eu nunca fui nerd (não exatamente). Aquela aluna que estuda em casa, com todos os deveres em dia, que nunca conversa na aula e é sempre a escolhida do professor. Não, eu nunca fui essa. Na verdade eu sempre fui participativa e crítica nas aulas. Mas eu conversava bastante, muitas vezes copiava as respostas dos trabalhos alheios (dos nerds) para o meu caderno, de vez em quando colava (química que o diga) e também passava cola (filosofia que o diga).
Mas não estou aqui para falar dos meus comportamentos em sala de aula.

Eu acho muito injusto essa onda Nerd que se espalha pelos adolescentes porque eu sempre fiz parte disso, na época que era totalmente impopular e indiferente alguém ser inteligente.

Pra falar a verdade eu sempre gostei de caras inteligentes e que, de alguma forma, mostrassem (ou tentassem mostrar) que eram melhores do que eu - não que algum garoto realmente possa conseguir ser melhor que eu (rs). Caras criativos, ambiciosos. Que sabem tudo de exatas, inclusive como usar o compasso E o transferidor (acho ambos objetos aterrorizantes) e no futuro pretendem fazer Engenharia. Ou então que sabem tudo de geopolítica e sociologia, inclusive têm bons argumentos quando estão num debate e no futuro pretendem fazer História ou Direito. Enfim isso tudo me atrai muito. Muito mais, aliás, do que o tipo que a maioria das meninas sonham: bonitos, fortes e hmm... bonitos. É. Só pensam nesse raio da beleza. O que pra mim sempre foi muito esquisito porque meu gosto não é muito convencional.

Eu não deveria ter criado essa postagem, pois parece que estou falando muito de mim e do meu gosto para o sexo oposto. Sinto informar que é tudo mentira. Geralmente eu invento uma personagem para escrever nesse blog então, lamento muito, mas você nunca saberá ao certo quem está escrevendo aqui... ou não (rs).

Enfim, eu estou com fome, acho melhor eu tentar concluir isso aqui. Como eu (ou minha personagem) ia dizendo, agora está difícil saber quem é realmente intelectual. Todo mundo quer ser (pseudo) nerd.
Eu mesma confesso que sou uma pseudo intelectual. Gosto de tentar falar sobre tudo e me meter em todos os assuntos (vide minhas postagens sobre futebol). Mas tem gente por aí que está pegando pesado, tem gente por aí que é até comunista (e só tem 15 anos!). Falo isso porque semana passada vi uma garotinha com a camisa do Che estampada no peito...

Nada contra o Che ou contra a menina. Mas eu lembro que um professor uma vez me disse que se o Che estivesse vivo para ver que fizeram um mercado riquíssimo só por causa da imagem dele...
Foi isso mesmo, o professor deixou a frase em reticências.

E agora só o tempo deixará a gente saber quando a onda nerd irá acabar.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Não importa, Neymar está na minha lista...


Eu assisti à entrevista coletiva do Dunga e durante toda ela eu percebi que ele fugia da resposta principal. Fugiu de tudo e só insistia em falar da tal da coerência e do comprometimento. Até aí, eu concordo. Por mim, não adianta mais o Adriano chorar, porque a meu ver se um jogador não se doa ao seu próprio clube, que podemos esperar dele para toda a nação?
Certo. Adriano está fora.

[mas..]

A melhor pergunta (que na verdade era quase retórica) foi de um dos caras que disse mais ou menos o seguinte:
"Eu acho engraçado, Dunga, você dizer que o Neymar é jogador do futuro, quando se trata de um esporte do presente, o futebol. O cara (Neymar) está brilhando, numa ótima fase. Então acho que nós, brasileiros, devemos agradecer por você não ser o técnico de 58, porque você não teria convocado o Pelé."

É, depois disso... acho que eu não preciso falar mais nada. Isso foi basicamente o tapa na cara que eu gostaria de ter dado no Dunga e esse feliz jornalista o fez por mim. O Dunga ficou sem jeito depois desse comentário e tentou sair pela tangente mencionando que não se pode comparar o 'mito' que é o Pelé com outros jogadores.
Só posso esperar agora que o Dunga retribua o tapa na cara, me surpreendendo - você sabe, trazendo o hexa para nós.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Estórias sobre ladrões 2

Bom, eu ia postar alguns contos sobre ladrões de minha autoria. O problema é que eu ainda nãos os criei, e os que criei eu não gostei muito. Eu tenho andado sem tempo - e sem muita imaginação, rs. Por isso estou postando aqui um conto/crônica ainda permeando o tema 'ladrões fanfarrões' com a crônica que me inspirou a criar o Ladrão Honesto (post anterior).



Os Bons Ladrões

Morando sozinha e indo à cidade em um dia de festa, uma senhora de Ipanema teve a sua bolsa roubada, com todas as suas jóias dentro. No dia seguinte, desesperada de qualquer eficiência policial, recebeu um telefonema:
- É a senhora de quem roubaram a bolsa ontem?
- Sim.
- Aqui é o ladrão, minha senhora.
- Mas como o... o senhor descobriu o meu número?
- Pela carteira de identidade e pela lista.
- Ah, é verdade. E quanto quer para devolver os meus objetos?
- Não quero nada, madame. O caso é que sou um homem casado.
- Pelo fato de ser casado, não precisa andar roubando. Onde estão as minhas jóias, seu sujeito ordinário?
- Vamos com calma, madame. Quero dizer que só ontem, por um descuido meu, minha mulher descobriu quem eu sou realmente. A senhora não imagina o meu drama.
- Escute uma coisa, eu não estou para ouvir graçolas de um ladrão muito descarado...
- Não é graçola, madame. O caso é que adoro minha mulher.
- E por que o senhor está me contando isso? O que me interessa são as jóias e a carteira de identidade (dá um trabalho danado tirar outra), e não tenho nada com a sua vida particular. Quero o que é meu.
- Claro, madame, claro. Estou lhe telefonando por isso. Imagine a senhora que minha mulher falou que me deixa imediatamente se eu não me regenerar...
- Coitada! Ir numa conversa dessas.
- Pois eu prometi nunca mais roubar em minha vida.
- E ela bancou a pateta de acreditar?
- Acho que não. Mas, o que eu prometo, eu cumpro; sou um homem de palavra.
- Um ladrão de palavra, essa é fina. As minhas jóias naturalmente o senhor já vendeu.
- Absolutamente, estão em meu poder.
- E quanto quer por elas? Diga logo.
- Não vendo, madame, quero devolvê-las. Infelizmente, minha mulher disse que só acreditaria em minha regeneração se eu lhe devolvesse as jóias. Depois ela vai lhe telefonar para checar.
- Pois fique sabendo que eu estou gostando muito de sua senhora. Pena uma pessoa de tanto caráter estar casada com um... homem fora da lei.
- É também o que eu acho. Mas gosto tanto dela que estou disposto a qualquer sacríficio.
- Meus parabéns. O senhor vai trazer-me as jóias aqui?
- Isso nunca. A senhora podia fazer uma suja.
- Uma o quê?
- A senhora, com o perdão da palavra, podia chamar a polícia.
- Prometo que não chamo, não por sua causa, por causa de sua senhora.
- Vai me desculpar madame, mas nessa eu não vou.
- Também sou uma mulher de palavra.
- O caso madame, é que nós, os desonestos, não acreditamos na palavra dos honestos.
- Tá. Mas como o senhor pretende fazer então?
- Estou bolando um jeito de lhe mandar as jóias sem perigo para mim e sem que outro ladrão possa roubá-las. A senhora não tem uma idéia?
- O senhor entende mais disso do que eu.
- É verdade. Tenho um plano: eu lhe mando umas flores com as jóias dentro dum pequeno embrulho.
- Não seria melhor eu encontrá-lo numa esquina?
- Negativo! Tenho meu pudor, madame.
- Mas não há perigo de mandar algo de tanto valor para uma casa de flores?
- Não. Vou seguir o entregador a uma certa distância.
- Então, vou ficar esperando. Não se esqueça da carteira.
- Dentro de vinte minutos está tudo aí.
- Sendo assim, muito agradecida e lembranças para sua senhora.
Dentro do prazo marcado, um menino confirmava, que em certas ocasiões, até os ladrões mandam flores e jóias.

Autor: Paulo Mendes Campos

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Estórias sobre ladrões

O ladrão Honesto

O sujeito era muito peculiar. A começar pelo nome: Honesto. Pagava as contas em dia, não tinha Gatonet, nem nome sujo ou qualquer dívida que fosse. Era simpático, homem justo, de família com quatro filhos. Como qualquer outro cidadão, era trabalhador.
No entanto, era ladrão. E ele chamava isso seu ofício.

Nas abordagens, era discreto. Não queria chamar atenção, nem machucar ninguém.
- Olá senhor, eu sei que o senhor tem pressa, mas eu preciso que você me passe 50 contos.
- O quê?!
- É isso mesmo que o senhor ouviu, eu estou te assaltando. Não quero ser indelicado, sei que é horário de almoço... mas é a hora que anda dando mais movimento, o senhor me entende?
O assaltado ficou embasbacado. Porém viu o volume no paletó do opositor.
- Você tá armado?
- Claro senhor, tenho que me prevenir... vai que aparece algum ladrão, não é mesmo?
- Tu tá tentando me assaltar e diz que tem que se prevenir? Mas que tipo de ladrão é você, compadre?
- Eu sou Honesto - esticou o braço, talvez na esperança de um cumprimento, afinal valorizava a cortesia. Achava até interessante manter uma relação cordial entre assaltante/assaltado.
- Tá maluco? Acha que eu vou ficar cumprimentando marginal?!
- Desculpe, senhor... agora, se me dá licença, preciso que me passe a grana. Eu estou armado e se você não percebeu está reagindo. Você está dando sorte que eu sou um profissional de ética, se fosse outro já teria disparado bala em você.

O assaltado o fitou por uns instantes... não queria acreditar na situação instalada. E, mesmo achando tudo muito irreal, passou a única nota de cem que tinha consigo para o cafajeste. Afinal, este estava armado e isso não é algo a que se pode ignorar.
- Toma aí seu pilantra, e vê se some da minha frente!
O ladrão pega e examina a nota. Enfia a mão na parte interna do paletó e tira de lá uma nota e a entrega ao homem à sua frente.
- Está aí seu troco. Eu só pedi 50 contos, lembra?
Saiu sem falar nada, satisfeito com um sorriso estampado. O outro homem, fica imóvel. Encarou atentamente o homem do paletó marrom até o mesmo virar a esquina; intrigado com o ladrão... Honesto.


Priscilla Acioly, 3 de maio


sexta-feira, 30 de abril de 2010

Stand up comedy


Quem convive comigo sabe que sou uma pessoa de riso fácil - aliás, muito fácil. E eu to amando essa onda de stand up comedy brasileira que de uns três anos para cá tem revelado comediantes talentosíssimos (Rafinha Bastos, Danilo Gentili, Fernando Caruso, Leandro Hassum, Marcelo Adnet, Dani Calabresa, Fabio Porchat, Marcela Leal, e por aí vai...). Para os não iniciados stand up comedy (Comédia em pé) é um espetáculo de humor que se utiliza apenas de um comediante - ou vários, fazendo rodízio - no palco e seu microfone, apenas isso. E a partir daí eles exploram temas comuns, coisas corriqueiras do dia-a-dia que para nós seres humanos mortais podem passar despercebidas, mas para eles - os comediantes - podem sempre inspirar um novo acesso de riso.

Eu admiro demais pessoas que conseguem fazer comédia, acho difícilimo achar o ritmo e o tempo certo da piada. Eu, por exemplo, sou uma negação em contar piadas. Eu consigo estragá-la completamente: seja rindo, seja começando a piada pelo final ou mesmo contando-a só até a metade por conseguir me esquecer do resto durante a narração. Juro.

Mas sou boa ouvinte, adoro piadas. Seja das mais bobonas até os diálogos mais inteligentes. Sempre gostei de ver Friends e séries do tipo. Então, se você é como eu que se amarra em se divertir com humoristas e afins, vá para o youtube AGORA e procure algum video de stand up com um dos caras que eu citei lá no primeiro parágrafo. Você não vai se arrepender.

Eu até tava pensando um dia desses cá comigo. Poxa, se existe stand up comedy, bem que poderia existir... sei lá, o written comedy (comédia escrita). Os caras são muito geniais, eles deviam explorar novos campos, fazer blogs de 'written comedy' e contar suas histórias... rs.
Eu mesma outro dia, aqui em casa, tava vendo uma programação qualquer e reparei - num desses comeciais de iogurtes para 'intestino preguiçoso' - no diálogo surreal da propaganda em questão.

Era o seguinte, umas duas ou três amigas se encontravam na praia e, ao que dá a entender, elas não se viam há algum tempinho. Se cumprimentam, pá, pá, pá... Quando resolvem por o assunto em dia. E a primeira pergunta que uma das amigas faz é: E aí, como vai o intestino? Depois dessa pergunta a outra mulher responde que com Activia o intestino dela voltou a funcionar muito bem e a essas alturas está feito todo o merchandising.

Mas, peraí... 'E aí, como vai o intestino?'. Quer dizer que você encontra sua amiga na praia, não a vê há algum tempo. Daí você não quer perguntar como vai as crianças ou o marido, nem quer saber alguma fofoca quente ou ainda contar quem é o novo chefe mala. Não, nada disso. Porque a primeira coisa que você precisa saber é como vai o intestino. Eu te pergunto, leitor, você chega numa festa e encontra seu cunhado. Agora imagina a situação.
Simulação
- Fala aí irmão, beleza?
- Tudo bem cara... e você?
- Tô bem também, rapá... agora deixa eu te perguntar uma coisa - olhar intrigado. Como vai seu intestino?
Nessa hora seu cunhado responde com a maior naturalidade.
- Até que vai bem, to tomando um iogurte aí, sabe? Acho que tá fazendo até efeito... agora o 'delgado' é que tá sinistro...

GENTE, isso é um absurdo! Não existem diálogos assim na vida de um ser humano. Primeiro que ninguém sai por aí declarando que tem prisão de ventre, e segundo que intestino definitivamente não faz parte do 'top 10' de melhores temas de uma roda de conversa.
Ai, ai... eu tenho vergonha de publicidades como essa...

quinta-feira, 15 de abril de 2010

E a Taça das Bolinhas vai para...


Chegou a vez de tocar na ferida. Aposto que nenhum flamenguista quer falar sobre o assunto.

"Em 1987, o Flamengo conquistou o título do módulo verde da Copa União (que era a primeira divisão) e o Sport venceu o módulo amarelo (equivalente à Série B). Para a CBF, no entanto, o campeão brasileiro daquele ano foi o clube pernambucano, já que não houve o quadrangular final previsto no regulamento.

Assim, contando com o polêmico título de 1987, o Flamengo teria sido em 1992 o primeiro pentacampeão brasileiro - ganhou também em 1980, 1982 e 1983. Mas, para a CBF, a honraria cabe ao São Paulo, que venceu em 1977, 1986, 1991, 2006 e 2007 e leva agora a 'Taça das Bolinhas'."

Estadão


Daí hoje entrei na Internet e vi estampado no mesmo site:

"Flamengo promete lutar pela 'Taça das Bolinhas'
A presidente do Flamengo, Patricia Amorim, deu uma entrevista coletiva nesta quinta-feira para comentar a decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que anunciou no dia anterior a entrega da "Taça das Bolinhas" para o São Paulo. Segundo ela, o clube carioca vai lutar para ficar com o troféu."

Estadão

Bem, no que isso vai dar eu não sei. O que eu sei é que eu confesso que vi um senso de justiça quando a CBF resolveu dar a Taça das Bolinhas para o São Paulo. Lógico que fiquei com uma ponta de recalque, afinal, qualquer flamenguista não poderia deixar de sentir a sensação de perda. Mas minha mensagem final, é:

Relaxe comunidade rubro-negra... Nós temos 30 Campeonatos Cariocas, 2 Copas do Brasil, 18 Taças Guanabara, 6 (opa, ou 5?) Campeonatos Brasileiro, 1 Copa ouro-sulamericana, 7 Taças Rio, 1 Libertadores, 1 Mundial... etc, etc, etc, etc.

Tudo bem, Tudo bem... já entendi: o mais importante mesmo, era o raio da Taça das Bolinhas...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Rj - máquina de fazer criminoso


 O título desta postagem eu tirei de uma pichação num desses prédios velhos do meu bairro. Estava exatamente assim: RJ - máquina de fazer criminoso.

Foi absolutamente algo que me fez refletir. Encarar o Rio de Janeiro - ou qualquer outra cidade - como uma máquina é algo realmente sensato.  A cidade é violenta, todos sabem. Mas isso é a questão ampla. E se estudássemos a micro-violência? Digo... aquela instalada nos milhares de lares periféricos, escolas, ruas, becos, favelas...

Sei lá, acho que existem inúmeras formas de violência. Um cidadão de três anos de idade crescer num contexto onde ele é acostumado a ver pessoas da comunidade portando armas e metralhadoras - isso quando ele próprio já não faz esse porte: isso é violência; violência visual, moral. Uma menina de onze anos - e aí, já nem entro mais nas questões saturadas do abuso e exploração sexual - que tem de tomar conta dos nove irmãos e ainda vigiar a casa porque seus pais estão na rua tentando ganhar o pão, isso é violência; violência emocional. Uma mulher que não pode dormir tranquila enquanto ouve sons de bala perdida e no dia seguinte tem de acordar cedo para vender quentinhas sabendo que no final do mês terá ganhado quatro vezes menos o valor de um salário mínimo, isso é violência. Assim como também é violência a vergonha do Ensino Fundamental e Ensino Médio público que não dão a formação adequada à criança, violência contra a cidadania.

Enfim, são muitas questões por baixo do pano. No fundo, no fundo... as micro-violências é que desenham o padrão da criminalidade e tráfico no futuro. Não basta ver a situação pronta, o número de mortos por balas peridas ou mesmo acabar com a boca de fumo. O mais importante são as questões que ninguém vê, aquelas que dizem respeito ao indivíduo e sua dignidade. E garanto que 80% da dignade de um indivóduo estão na educação e na saúde. Com esses dois elementos bem estruturados seria provável que não houvesse micro-violência o que, por sua vez, também influenciaria nas questões amplas (macro-violência).
Claro que a violência em si, nunca acaba. Mas pode diminuir, e muito!

Bom, tem um documentário que eu assisti a primeira vez em casa e me impactou muito, a segunda vez eu vi na escola. Me ajudou a entender muitas coisas que eu não sabia ou não podia enxergar. Esse documentário - e eu o reassisto algumas vezes - me ajuda a sentir uma realidade que está bem longe de mim, nem parece mesmo que é o Rio de janeiro...

Estou postando aqui a parte 1 do documnetário, e ele tem completo no youtube caso você queira vê-lo completo. Chama-se: Notícias de uma guerra particular 

http://www.youtube.com/watch?v=zp7KVlft-54 

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Você não pensa igual à Massa?

 Vá para o espaço!


Vou lhes contar a história de Patrines.
Patrines nasceu num lugar distinto; um planeta chamado Mádicles. Patrines era jovem e percebeu que todos os outros jovens comiam Turi. Turi era uma espécie azul de alimento muito popular entre a maioria da população jovem de sua cidade. Ela não gostava de Turi, não gostava de mastigar turi, aquela gosma verde. Patrines gostava de Pozid, uma pequena fruta de gosto amargo-doce. Diziam que Pozid era para anciãos e Turi para os novos. Aparentemente Patrines não ligava para essas culturas ou regras implícitas de seus conterrâneos. Patrines tinha treze anos e meio de vida galáctea e, portanto, era jovem. Patrines comia Pozid e seus colegas não gostavam dela. Patrines não se pintava de vermelho como as outras fêmeas, ela gostava de cinza. Patrines não achava que cinza era cor do triste, do opaco. Ela achava que o cinza era irmão do prata, e pensava que o prata era uma cor mágica. Como tintas prateadas eram raras em seu planeta - e, por isso, caras demais - ela adoranava-se com cinza, de tal modo que suas pálpebras e bochechas eram todas desenhadas meticulosamente com a cor. As outras fêmeas a olhavam com desprezo.
Patrines era impolular e acreditava piamente que em algum outro lugar do universo deveria existir outra civilização, com Seres Pensantes. Talvez até alguém mesmo que pudesse se parecer com ela... uma menina, quem sabe? Talvez ela não fosse a única pessoa desloca...


Em algum lugar paralelo a quatrocrocentros e cinquenta e sete anos-luz de distância...

- Você realmente acredita que existe outra pessoa com esse nome ridículo?
- Meu nome não é ridículo!
- Patrines! Nem no Google alguém acha isso, não é mesmo galera? - risinhos de deboche.
A menina baixou os olhos por detrás de seus óculinhos quadrados. Não em sinal de submissão, ou mesmo de complexo. Ela só estava em um daqueles momentos em que entrava em si mesma, seu grande mundo perfeito onde ninguém a contrariava e ela era rainha e rei ao mesmo tempo. Lá fora, uns insetos verdes e nojentos a insultavam, tentavam penetrar em seu mundinho fechado. Ela não ia deixar, ela não ia brigar.
Vendo que não ganhariam nada com aquela monólogo-discussão, os encrenqueiros a abandonaram.
- Vamos, gente. Ela é louca! Só alguém como ela poderia mesmo gostar de beterraba! - as crianças saíam cutucando-se umas às outras com comentários maldosos - É isso mesmo, Patrines! Você é uma louca, não existe alguém tão esquisito quanto você nem em mil galácteas! - e sumiram ao fim da rua, rindo.



Priscilla Acioly

quarta-feira, 24 de março de 2010

Como subestimar um livro

Não sou crítica. Tá, não sou 'crítica' (entendam as apas como quiser). Mas me sinto na obrigação de vir aqui compartilhar a minha última experiência de leitura com vocês.

Estava eu em casa, sem muito o que fazer quando decidi começar a ler um livro. Mas queria algo leve, uma leitura rápida... nada que exigisse muito de mim. Fui na estante de livros da minha casa que divido com a minha irmã, tateei uns e... lá estava ele, de capa azul com um desenhozinho meio de criança na frente. Algo infantil demais, beirando o idiota: Minha mãe tatuada, o nome do livro. Achei graça.
Peguei e li, sem pretensão nenhuma. Como é um livro fino, sabia que ele serviria para distrair minha atenção e que talvez - com muita sorte - seria um bom negócio lê-lo.
Li o primeiro, segundo, quinto capítulo.
Continuei lendo e...
O negócio é o seguinte: O livro conta o quotidiano da vida de Marigold, Star e Dolphin. Marigold é a mãe de Star e Dolphin. É realmente um livro infanto-juvenil, narrado pela personagem da Dolphin, a irmã mais nova de apenas dez anos. Por isso o livro toma um caráter de inocência, sutil... o que acaba arruinando o aspecto das questões que o livro trata, a maior delas: o alcoolismo da mãe.
É uma narrativa clara, sem nhenhenhen. Absurdamente inteligente o que essa autora fez. Não acho nem um pouco que se trata de um livro apenas para crianças, e sim de um livro sobre uma criança. Ela só resedenhou a história real de milhares de meninos e meninas que vivem na situação de Star e Dolphin.
Enquanto eu lia, cheguei a chorar em certos momentos. Logo de cara odiei a personagem de Marigold, odeiei também a Dolphin. Star parecia ser a única sensata. Mas ao longo da trama é impossível você tratá-los apenas como personagens caricatos. Eles são humanos demais, verdadeiros demais. Você não somente odeia. Você sente pena, sente compaixão, sente inveja, sente desprezo, sente... vontade de bater!
E o final, bem, o final é um daqueles que eu particularmente gosto muito...
Não é o final perfeito. Aliás, se justamente este livro terminasse da forma que muitas pessoas gostariam que ele terminasse, sei lá... seria o estrago de tudo. A perfeição seria tanta que mataria a literatura. E esse livro consegue ser tão literato quando literal.
Por isso que eu amei.

"Eu ri do título do livro, ri da capa do livro, também ri da contra-capa deste livro. Mas não ri enquanto lia este livro."

Priscilla Acioly

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

O Drama Masculino - Parte 2

Aqui vai a continuação das trapalhadas de Diego. Aconselho a você que não leu a Parte 1 a voltar ao post anterior e dar uma olhada, para acompanhar melhor a história de Diego.
Bem, divirta-se.



10 anos de idade: eles adoram inventar histórias ruins

Existe algo que toda garota de 10 anos de idade precisa saber: garotos não gostam de garotas quando estão na quarta série. Secretamente eles podem até gostar, mas nunca publicarão isso.
Diego não sabia por que Ritinha fazia questão de sentar-se logo atrás de sua carteira, mas não se sentia incomodado com isso. Ao que parece, com Marcelinho era o contrário.
Era a aula toda Ritinha de risinhos para tudo o que Diego falava, Marcelinho, por sua vez, a repreendia e a enxotava da conversa.
- Consertei meu Autorama ontem, bora lá em casa amanhã pra você dar uma olhada, cara!
- Por mim tudo bem, o chato vai ser ter que convencer a minha mãe... - Diego dizia, realmente interessado em arquitetar todo um plano maligno de convencimento a ir-curtir-na-casa-de-um-amigo-mesmo-estando-com-nota-baixa.
- Mas por quê? Ela ainda tá brava porque você tirou nota baixa em geografia?
- Eaxatamente. E eu já expliquei a ela que a culpa não é minha se o nosso professor faz questão que saibamos onde fica Budapeste! Odeio mapas... sinceramente.
- É por isso que nunca ganha no war. - observa Marcelinho, com um sorriso de satisfação.
- Claro que não, meus objetivos sempre são muito mais difíceis do que os... - pausa - olha, não vamos discutir sobre isso. Temos um plano para bolar, esqueceu?
- Tem razão. Temos de bolar um plano infalível... algo que pareça real e - foi cortado.
- Ei, ei. Pode ir parando. Porque quando você começa falando assim que nem o Cebolinha cheio de planos infalíveis, coisa boa não é.
- Só estou tentando ajudar! - respondeu ressentido.
Diego conhecia o amigo, sabia que não era lá tão certo das idéias. Mas...
- Certo. O que tem em mente?
- Muito simples. O negócio é o seguinte: amanhã de manhã cedo quando você acordar leve um café-da-manhã na cama de sua mãe. É sempre bom começar um dia fazendo um agrado.
- Certo.
- Depois disso, diga a ela que você precisa vir na minha casa. Ela vai perguntar o porquê e é exatamente nesse momento em que entra todo o nosso bem arquitedado plano em ação.
Diego olhava - já um pouco apavorado - a expressão ambiciosa de Marcelinho, o qual sem dúvidas, já vislumbrava uma missão com sucesso.
"Primeiro você vai dizer a ela que eu e minha família estamos nos mudando para Rondônia.
- Rondônia?! Você tá maluco?
- Calma, cara. Deixa eu explicar, ok?
"Meu pai está com uma doença do fígado muito rara e aqui no Rio não há tratamento possível. Minha mãe está inconsolável porque já tentou contactar os melhores médicos do Rio e de São Paulo. Mas nenhum deles conseguiu dar o diagnóstico da doença. Daí então...
- Mas como assim eu vou dizer que seu pai está...
- Relaxa, cara. Escuta, o plano é perfeito!
"Minha avó teve quase um enfarte por conta do desespero dos meu pais...
- Mas você não tem vó.
- Melhor ainda! Eu posso dizer que ela morreu por conta do enfarte, dá mais drama à história toda - olhar sonhador.
- Marcelinho, você sabe que precisa buscar tratamento, certo?
Sem dar ouvidos ao conselho do amigo, Marcelinho continua.
"O enterro da minha foi (...)
"(...) e é aí que você pára, fita sua mãe nos olhos e diz: Mãe, preciso ir ver meu amigo. Você não vai permitir que eu deixe meu amigo inconsolável numa hora dessas, não é?
Marcelinho parou de falar, simplesmente porque para ele tudo fazia muito sentido e se auto explicava.
- Vejo várias brechas nesse seu planozinho, Marcelo.
- Ah, não Rita, não se intrometa. Você já é uma chata, porque não tenta cuidar da própria vida? Aposto que não teria um plano melhor que esse.
- Qual é, Marcelinho... também não precisa ser grosso com a Ritinha. Diga, Ritinha... tem um plano melhor?
- Bem, o Marcelinho, por algum milagre da natureza, é bom aluno em geografia. Você poderia dizer que ia pra casa dele amanhã estudar, não?
A menina encarou os dois. Diego permaceneu quieto, embasbacado... talvez, sentindo-se humilhado com a objetividade e genialidade da menina. Marcelinho - por alguma razão desconhecida - caiu na gargalhada e cutucou o amigo com o cotovelo.
- Idéia mais idiota que essa não pode existir, não é mesmo?
- Não mesmo. Só a sua - respondeu o amigo sem pensar, num ato de estupidez.
- O que você disse?! - Marcelinho e Ritinha ficaram vermelhos, muito embora fosse por motivos diferentes.
Marcelinho cortou relações com Diego para sempre - nesse caso, o para sempre durou até a hora do recreio no dia seguinte, quando Diego já estava farto de tentar explicar para Ritinha que não estavam namorando só pelo fato de estarem andando juntos. A verdade é que Diego não gostava de Ritinha e sentia falta do ex melhor amigo, por isso foi se desculpar. Os dois amigos se entenderam e voltaram a bolar planos infalíveis (dessa vez, sem a ajuda de Ana Rita).
Acontece que Ritinha ainda gostava de Diego que era melhor amigo de Marcelinho que, por sua vez, odiava Ritinha só porque ela gostava de seu melhor amigo e - no fundo, no fundo - gostaria que Ritinha gostasse dele.
Como eu disse, meninos de quarta série não costumam gostar de garotas.

Mas Marcelinho gostava da menina que odiava.

CONTINUA...

domingo, 31 de janeiro de 2010

O Drama Masculino - Parte 1

(obs: essa foto é a foto masculina mais memorável de todos os tempos, só poderia postar essa. rs)


07 de abril, 1974

Nasce mais um macho no mundo.

2 anos de idade: o maldito chiqueiro

Diego, aquele projétil de menino, corria pela casa livremente. É incrível o que duas perninhas de bebê podem fazer quando obtêm intimidade com o firmamento. Com Diego não foi diferente. A mãe - coitada - suava que só... o pai já havia desistido, faz tempo, de deter o menino.
- Deixa ele, mulher, não adianta prender.
- Ah, mas não será no seu ouvido que ele vai berrar depois!
- Berrar? E por quê?
Pronto. Catibúm. Diego berrou, e berrou, e berrou. O pai o segurou por uns minutos enquanto a mãe o encarava com ares de superioridade. E foi nesse dia que a mãe teve a grande idéia: o chiqueiro.
Diego teve de se contentar com as novas condições de liberdade. Os bons tempos acabaram. Pobe Diego, agora não era mais amigo do corredor da casa. Mas tinha de encarar aqueles ursos peludos e chatos que a mãe comprara com a absoluta certeza do entretenimento do filho. Que nada, Diego só queria disparar da sala até a cozinha de novo.

Maldito chiqueiro.

4 anos de idade: escola pra quê?

O primeiro dia de aula. Diego olhou para a mãe e depois olhou para aquele grande portão colorido. Alguma coisa o fazia sentir que algo estava mui estranho. Desconfiado, apertou a mão de sua progenitora de maneira firme. Deu uns passos tímidos à frente e fitou os olhos da mãe.
- Aqui é a sua escolhinha, filho. Você gostou dela?
Balançou a cabeça que não.
- Quer que a mamãe vá com você?
Balançou a cabeça que não.
- Mas filho, vai ser divertido... você vai poder brincar com os coleguinhas, sabia?
Balançou a cabeça que não.
Durante a primeira semana era sempre o mesmo ritual: Diego apertava a mão da mãe e empacava no lugar. A mãe batia um lero com ele que levava cerca de uns vinte e sete minutos até ele entender que não tinha autonomia suficiente para decidir que não queria estudar na vida, que a escola não fazia a mínima diferença para ele e que poderia muito bem continuar vivendo com Yakult e Discovery Kids para sempre, obrigado.
Infelizmente não funcionou... Diego teria de frequentar a escola durante os próximos treze anos de sua vida.

7 anos de idade: o objeto cilíndrico que arruinou minha vida

Muitas pessoas consideram a infância como a primeira fase da vida. Na verdade, eu digo que isso é um equívoco. Diego já não tinha mais três, quatro, ou cinco anos... nem mesmo seis. Sete. Ele tinha sete anos de idade. Já sabia o alfabeto inteiro de trás pra frente, cantava o hino nacional de cor, andava de bicicleta (sem rodinha) e, às vezes, sem as duas mãos - mas essa parte sua mãe não precisava saber, e já sabia de onde vinham os bebês. Porém (há sempre um...) assim como todo adolescente, jovem ou idoso que ainda guarda um resquício de sua fase de vida anterior, Diego escondia um segredo.
Era uma noite fresca de setembro. Uma perfeita noite para se trazer seus dois melhores e inseparáveis amigos para dormir em sua casa. Lá estavam, jogando video game, Diego e seus dois melhores e inseparáveis amigos: Marcelinho e Kaká. Os três estavam muito concentrados, cada qual com seu controle em mãos. Gritavam uns com os outros sobre os comandos do controle e a direção que seus respectivos bonecos deveriam tomar. Estavam entretidos, compenetrados, vidrados quando...
- Dieguinho, aqui o seu leite.
Os três garotos viraram o pescoço para trás ao ouvir a sra. Cardoso e ficaram chocados com o que viram. Tinha não mais do que quinze centímetros de comprimento, com mais ou menos seis centímetros de diâmetro, um formato cilíndrico na base e triangular na parte de cima. Muito parecido talvez com... não, não podia ser. Será? Era mesmo uma...
- Mamadeira?!! - exclamaram Marcelinho e Kaká ao mesmo tempo.
- O meu filhote só toma pra dormir. Aqui, amor, pegue logo antes que esfrie... - disse, tentando depositar o objeto nas mãos do menino o qual rapidamente se recusou.
- Não, mãe... que isso?! Eu não tomo mamadeira - Diego estava desesperado, não sabia onde pôr a cara e já desejava tranformar-se num avestruz.
- Como assim não, filho? Claro que você toma. Deixe de bobeira, pegue.
- M-mãe eu não... e-eu não bebo isso, o que é isso? Eu não tomo mamadeira!
- Está com pena dos seus amigos por que eles não trouxeram? Meninos, eu posso pegar para vocês também se quiserem - sugeriu com um bondoso sorriso no rosto.
- Pra nós?
Os dois meninos fecharam a boca de um jeito impulsivo e não queriam soltar o ar, mas as bochechas inflaram demais e não puderam mais prender: caíram numa intensa gargalhada a ponto de rolarem no tapete e darem palmadas no chão com muita intensidade. A sra. Cardoso achou curiosa a reação dos meninos, mas preferiu deixar a mamadeira no canto da sala (caso Diego parasse de agir como louco e quisesse tomar seu leite) e tornou à cozinha. Já Diego ficou absolutamente frustrado consigo mesmo - isso para não mencionar o ódio mortal que sentia pela mãe naquele devido momento. Teve de aguentar risinhos e piadinhas sobre sua mamadeira durante toda aquela noite. Pobre Diego... que culpa tinha o menino de nutrir um hábito de sua fase bebê (e é aí que lhes provo que a infância não é a primeira fase da vida)?
Diego viveria um pesadelo durante os próximos dias no colégio, tinha certeza. Aquele episódio era digno de replay (e com câmera lenta!). O que ele não sabia era que no dia seguinte, quando não estivesse mais na companhia de seus amigos, Marcelinho dormiria abraçado com seu paninho azul. E Kaká, por sua vez, voltaria a usar sua chupeta vermelha. E, ambos, teriam bons sonhos.

9 anos de idade: não são como água e óleo, não percebem!?

Era um dia ruim, na verdade péssimo. Diego se sentia o último dos homens... o mais réles e inútil mortal da classe. Não. O mais réles, inútil e miserável mortal da escola. Ou ainda pior: o mais réles, inútil, miserável e incompetente mortal de todo o universo. E tudo isso por apenas um motivo: Diego gostava do vasco e do flamengo - ao mesmo tempo. Sim, é isso mesmo que você leu... e não ache que estou blasfemando porque quem o fez foi Diego, seu camarada. Diego sempre evitou conversar sobre futebol. Primeiro porque tinha lá suas (imensas) dúvidas de qual seria realmente o seu time - fosse o mengão do pai ou a cruz de malta do tio Zé, que por sinal era o tio mais simpático que alguém poderia ter. Segundo porque não entendia muito bem como um bandeirinha poderia enxergar a 'linha' imaginária do campo até porque se a linha era imaginária - como seu pai lhe explicara em certa ocasião - achava injusto que as pessoas de casa pudessem ver a linha. E terceiro porque - como vocês mesmos já devem ter previsto - ele não era lá isso que se diga 'Oh! Como esse guri entende de futebol!'...
Pois bem, tudo começou quando todos os seus colegas de classe resolveram discutir sobre a performance de seus respectivos times no Campeonato Carioca. Diego permaneceu calado. Alungs minutos transcorreram-se e então a questão veio à tona.
- E você Diego, num tem time não?
- Tenho.
Silêncio absoluto. Cinco rostos voltados para ele.
- Eu sou flamenguista e vascaíno - finalmente disse. A verdade escondida durante anos a fio veio à tona. A verdade que o martirizava e fazia-o se sentir um sujo e imundo moleque que não sabia discernir a mão direita da esquerda. A verdade que, naquele exato momento, se revirara em aspecto de cólera estampada bem no rosto de cada um de seus amigos.
- Você era flamenguista e virou vascaíno?
- Não.
- Você era vasco e agora é flamenguista? Relaxa, comigo também foi assim... eu não sabia o que queria da vida e um belo dia...
- Também não é isso.
- Você é flamengo mas tem de fingir que é vasco para agradar um parente?
- Você é vasco ou flamengo?
- Você é obrigado a torcer pelo vasco? Seu pai é violento?
- Você não pode usar vermelho e preto?
Você, você, você, você... todas aquelas perguntas estavam mexendo com os ânimos de Diego. Ele estava de saco cheio já.
- Eu sou vasco E flamengo, entenderam? Sou OS DOIS times ao mesmo tempo!
- Você tá maluco? Ninguém pode ser vasco e flamengo ao mesmo tempo, ninguém! - um dos meninos mais corpulentos da sala gritou, o que não era lá um bom sinal. Mas Diego não iria recuar, não naquele momento. Precisava manifestar todo um sentimento reprimido de uma opção por um certo estilo de vida... talvez chamado 'alvirrubronegro'?
- Não, eu não sou maluco! - retribuía no mesmo tom de voz - Eu... eu sempre gostei do flamengo. Acho um time bonito, uma torcida... maravilhosa. Mas o vasco tem lá suas qualidades... quando eu era pequeno assistia aos jogos do flamengo e decidia que era flamenguista. Aquele vigor, aquela energia que exala de todo flamenguista, sabe? mas também assistia aos jogos do vasco e, quando eu menos esperava... me pegava vibrando com um gol de Roberto Dinamite! Ele é simplesmente o cara! - uma grande pausa teatral - Foi então que decidi... que seria vasco-flamengo para sempre.
Todos os colegas, muito irritatados, foram virando as costas, um a um, ao ex colega imundo e traidor.
Depois desse dia... Diego odiaria futebol para sempre (se bem que sempre... não é uma palavra que gosto muito de usar).


CONTINUA...

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Comédia Romântica


Talvez seja um dos gêneros de cinema mais criticados. 'Roteiro pronto', 'água-com-açúcar', 'o mais novo pastelão' são termos frequentemente associados a esse tipo de comédia. Vou confessar logo: eu adoro comédias românticas. Mesmo sabendo cada etapa que envolve o filme, mesmo sabendo de cor que os personagens que se odeiam no início ficarão juntos no começo e depois irão brigar por conta do Grande Desentendimento - aquele que costuma amarrar as tramas de comédia romântica. Nesse momento entram em cena os melhores amigos de cada parte - feminina e masculina. A amiga louca aconselhando a atriz principal, e o amigo malandro tentando reafirmar para o galã os velhos e bons argumentos para não se entrar na roubada do compromisso.


Mas nada disso adianta, os dois pombinhos casam-se no jardim de uma casa de interior. A noiva costuma usar modelos lindos toamara-que-caia, os dois fazem votos nada muito criativos quase sempre usando frases que disseram logo no começo do filme. E, no final das contas, a amiga da noiva pega o buquê - que, ao que parece, deve possuir um pó mágico que logo a faz olhar com outros olhos para o amigo do noivo, que por sua vez, também parece hipnotizado.


Mas eu me divirto muito assistindo. Fazer o que... quem não gosta de comédia romântica é porque com certeza já viu, e muito! Se não, não suspeitaria da previsibilidade com que esses filmes são feitos - o que, na minha opniao, é o grande trufo do negócio todo.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A dúvida

Ambas as figuras um de frente para o outro sentados. Um dos dois alto, o outro pequeno demais - em todos os aspectos.
- E então, como andam as coisas?
- Acho que bem...
O mais alto, possivelmente o mestre, franziu os lábios.
- Sabia que só pessoas medíocres respondem que 'tudo está bem'?
O pequeno encolheu-se, não por medo - talvez por vergonha. Dezesete segundos depois o rapaz se pronuncia.
- Não vai nada bem, acho que... - mordendo os lábios, aflito - não consigo mais.
- Já passaram-se seis meses.
- Mas eu não consigo pensar em algo que dê um impulso na trama e...
- Não me importo - brincava de girar o anel no dedo.
- Mas, senhor... eu não entendo... eu penso em coisas, tenho sonhos reveladores enquanto durmo. Idéias brilhantes me ocorrem em lugares inoportunos abarrotados de gente. Então quando me sento sozinho para recomeçar a escrever, não me vem. Absolutamente nada.
- Você já criou, agora é tarde para ser covarde. Antes deveria ter sido covarde a ponto de não escrever o primeiro parágrafo. Mas agora eles já existem.

O ingênuo pairava com um olhar intrigado. Quem existe?
- Seus personagens, eles estão vivos, uma vez que você os deu personalidade.
- Tudo bem mas eu estive pensando e ainda não sei quem deve morrer... se o senhor pudesse me ajudar e então...
- Não ouço o que está dizendo - o 'olhos azuis' era bom na arte de desprezar.
- Você não sabe o quanto é custoso matar um deles... tenho pesadelos com isso. Nunca sei ao certo se serei justo com um e outro.
Olhos azuis encarando olhos castanhos. Olhos azuis se compadece dos olhos castanhos.
- Vou lhe dizer algo, e depois disso espero nunca mais ver você aqui, a não ser que esteja com a obra em mãos e finalizada.
- Certo.
- Pois bem, você precisa de calma. E barulho, muito barulho. Não pense em terminar o livro como um fardo, apenas imagine que essas pessoas são amigos seus, vizinhos quem sabe. Saia de vez em quando, vá passear, veja cores e pessoas. Você verá pedaços de seus personagens repicados nelas... e eles mesmos lhe dirão quem precisa morrer. Eles lhe dirão o que fará a história ser inesquecível. Você só precisa escutá-los.
Olhos azuis nem sabia se era um conselho útil, mas falou com tanta firmeza que olhos castanhos pôs-se em coluna ereta e fez que sim com a cabeça.


Depois só o escuro na sala.